A calamidade que assola os cerca de 250 trabalhadores demitidos da empreiteira Terceiriza continua. Eles estão há mais de 45 dias aguardando o acerto da rescisão contratual. Enquanto isso, sobrevivem com toda má sorte, alguns sem dinheiro até para colocar comida na mesa para a família. Literalmente, passando fome.
A Cemig havia assumido o compromisso no Ministério Público do Trabalho (MPT) de quitar o pagamento das rescisões caso a Terceiriza mantivesse a postura de não pagar. Após grande mobilização, foi acertado que o pagamento seria feito nos dias 21 e 22 de março. Mas, quando foram realizar a homologação no sindicato que representa a categoria, no dia 21, os trabalhadores bateram com a cara na porta: Nem Terceiriza ou Cemig compareceram. A informação passada pela Cemig é de que a documentação estava incorreta e o acerto não considerou o reajuste do último Acordo Coletivo e a multa dos 40% do FGTS. Revolta geral!
Imediatamente, os trabalhadores foram para o hall da Cemig e protestaram. Os diretores do Sindieletro, Moisés Acorroni e José Gomes, fizeram a interlocução necessária com Cemig; foi formada uma comissão de quatro trabalhadores para ser recebida pela gerência responsável pelo contrato. A gerência tentou explicar, mas não convenceu os trabalhadores, que ficaram sem uma solução justa e digna.
Segundo Moises Acorroni, ter que esperar mais uma vez uma audiência no MPT, que está agendada somente para o dia 7 de abril, é frustrante. Mais decepcionante é a postura da empresa. “Percebemos a falta de intervenção mais incisiva da Cemig junto à empreiteira. Basta ter firmeza para resolver, a empresa tem essa obrigação, já que é corresponsável por todos os seus contratos terceirizados”, criticou.
Outro absurdo, diz Acorroni, é a Cemig manter contrato com a Terceiriza mesmo com o calote. Essa empreiteira tem contrato com a estatal para serviços de carregadores.
Histórico do desespero
O dia 12 de fevereiro foi o último dia dos trabalhadores da Terceiriza na Cemig. A Serta, empresa que assumiu o contrato de conservação e limpeza, aproveitou parte da mão de obra que era da antiga empreiteira, mas impôs perdas.
O novo contrato estabelecido pela Cemig reduziu o número de vales-alimentação, que passou de 30 para 20 unidades mensais. Além disso, o benefício foi cortado dos trabalhadores durante as férias, feriados e finais de semana.
Acorroni lembra que, na primeira quinzena de março, informou ao presidente da Cemig, Mauro Borges, que o pessoal da Terceiriza continuava sendo surrupiado em menos 10 vales alimentação. O presidente teria afirmado o seguinte: “Isso é um absurdo, não pode e nem vai continuar acontecendo, eu mesmo vou tomar a frente desse caso. Não haverá em todo contrato fechado na nossa gestão perda para os trabalhadores”.
O dirigente sindical lembra, ainda, que os vales foram recentemente reajustados em 10%, passando de R$ 14 para R$ 15,40. Isso, de acordo com Acorroni, aumentou as perdas dos trabalhadores para R$ 154 por mês. “É muita perda para quem precisa colocar comida na mesa. Contamos com sensibilidade do presidente da Cemig para corrigir essa injustiça, pagando o que é justo para as trabalhadoras e os trabalhadores, inclusive com retroativo ao mês passado. Foi compromisso do Mauro Borges, a maior autoridade da Cemig”, disse Acorroni.