Café com política



Café com política

O sistema político brasileiro é bastante complexo e diversificado. Atualmente, o país possui 35 partidos políticos que defendem as mais variadas bandeiras. De socialistas, comunistas, até extremistas de direita. Uma verdadeira sopa de siglas e ideologias que confundem a cabeça do eleitor.

Difícil, é, também, compreender questões como o financiamento de campanhas e partidos e a pouca participação da mulher na política, entre outros pontos. Por isso, com o objetivo de sanar dúvidas ediscutir a conturbada conjuntura política do Brasil, a Secretaria dos Aposentados do Sindieletro promoveu, na quarta-feira, 25, a segundaedição do Café com Política.

O diretor do Sindieletro, Marcelo Correia,foi um dos convidados e esclareceu que após o golpe parlamentar de 2016, Michel Temer conseguiu um amplo apoio no Congresso e no Senado para aprovar reformas que impactaram negativamente na vida da população e dos trabalhadores.

Como exemplos, citou oProjeto de Lei 4.567, que acabou com a exclusividade da Petrobrás na exploração do pré-sal, oPL que congelou dos gastos públicos com saúde e educação por 20 anos, a reforma trabalhista e a aprovação da terceirização irrestrita, inclusive nas atividades-fim do setor público.

Por isso, destacou Correia, a escolha dos deputados federais, estaduais e senadores é tão importantequanto eleger um presidente ou governador, porque são eles que elaboram e modificam as leis.  “É preciso votar em candidatos alinhados e que darão sustentação ao próximo ocupante dos cargos executivos”, disse.

Outro eletricitário aposentado, Ney Alencar, destacou que a Câmara dos Deputados é composta por 513 parlamentares e a bancada de cada Estado é composta, no Congresso Nacional, proporcionalmente ao número de eleitores, com o mínimo de oito cadeiras. Minas Gerais, por exemplo, possui 53 parlamentares, enquanto São Paulo tem 70 e o Estado de Roraima, apenas oito deputados.Já no Senado Federal são três senadores por estado.

De acordo com levantamento do Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar (DiAP), 213 parlamentares estão ligados à área da educação, 160 são ruralistas ou defendem os proprietários de terras; 91 são sindicalistas; 79 são representantes do setor de saúde; 69 estão ligados às empresas de comunicação, 66 parlamentares compõem a bancada evangélica; 55 são feministas ou defendem as lutas das mulheres; 15 ambientalistas e 273 parlamentares são empresários ou ligados às empresas. Lembrando que um único  parlamentar pode representar vários grupos e interesses.

Durante a discussão sobre representatividade, um dado importante foi debatido. Os negros, que correspondem a 60% da população brasileira, ocupam apenas 3% das vagas no Congresso. A mesma disparidade é verificada com as mulheres, que ocupam apenas 9% das vagas, mas são 51% da população. Já os ruralistas e empresários compõem 30% e 50% do congresso, mas correspondem a apenas 1% e 0,3% da população, respectivamente. A representatividade entre os jovens de até 35 anos também é muito pequena: eles são 58% da população, mas no Congresso seu número é de apenas 0,7% do total de parlamentares.

Os dados apresentados durante o debate mostram como é urgente e necessária a tão falada renovação do nosso Parlamento. Com um sistema político cuja representatividade é tão viciada, fica fácil entender, por exemplo, como o golpista Michel Temer conseguiu comprar tanto apoio para aprovar as reformas impopulares.

 

 

 

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