No país da inflação em disparada, altas taxas de desemprego, de informalidade e recorde de inadimplência, sem que o governo de Jair Bolsonaro (ex-PSL) tenha apresentado uma proposta sequer de geração de emprego e proteção aos mais pobres, o número de favelas mais que dobra em nove anos, chega a 13.151, e a fome atinge quase 20 milhões de brasileiros.
A insegurança alimentar (fome) começou a ser mais notada a partir da alta dos preços dos alimentos quando muitos deixaram de comer até arroz e feijão.
Mas, a tragédia brasileira ficou mais escancarada com a alta acumulada no preço da carne bovina (36%), do frango (40,4%) e dos ovos (20%), entre agosto de 2020 e 2021, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Os brasileiros mais pobres, que haviam trocado as carnes de segunda e terceira por frango, depois por ovos, passaram a comprar pés e pesçoco de galinha, que também tiveram alta nos preços. Para muitos, a única saída foi ir atrás de restos como ossos de carne bovina e carcaça de peixe, que eram doados, mas como o aumento da demanda, alguns açougues e supermercados começaram a cobrar até o que antes davam para os cachorros.
A volta da fome
O Brasil, que havia deixado de constar no chamado Mapa da Fome em 2014, voltou ao mapa em 2020, depois que as políticas de distribuição de renda criadas e implementadas pelos ex-presidentes do PT, Lula e Dilma Rousseff, foram reduzidas ou extintas pelo ilegítimo Michel Tmer (MDB) e pelo governo Bolsonaro.
Segundo estudo do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), baseado em dados de 2001 a 2017, políticas como o programa Bolsa Família reduziram a pobreza em 15% e a extrema pobreza em 25%.
20 milhões de pessoas com fome
Hoje, o Brasil tem quase 20 milhões de pessoas passando fome 24 horas ou mais em alguns dias e 24,5 milhões que não sabem como vão se alimentar no dia a dia, de acordo com levantamento da Rede Brasileira de Pesquisa em Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional (Rede Penssan).
A situação é mais grave ainda nas regiões Norte, onde a onde a insegurança aliemntar grave (fome) afeta 18% dos domicílios, e Nordeste, onde a fome chega a afetar 14%. A média nacional é de 9%.
De acordo com a pesquisa, publicada nesta quarta-feira (13) pelo jornal Folha de S. Paulo, outros 74 milhões de brasileiros vivem inseguros sobre se vão acabar passando por isso.
Número de favelas mais que dobra
Sem dinheiro nem para comer, milhares de trabalhadores e trabalhadoras não conseguiram pagar aluguel e foram para favelas.
Entre 2010 a 2019, o total de "aglomerados subnormais” (favelas, palafitas etc.) saltou de 6.329 em 323 municípios para 13.151 em 734 cidades, segundo o IBGE.
Pés e pescoço de galinha
Levantamento do G1 mostra que, em São Paulo, estado mais rico do país, nos últimos 12 meses o preço do pescoço de frango subiu 15,79%, segundo a consultoria Safras e Mercados.
A carcaça temperada de frango subiu 45%, o dorso, 60%. Entre os suínos, a maior alta foi no espinhaço (23,91%), que é a "coluna" do porco, e na orelha (20%).
Ainda de acordo com a reportagem, a Rede Mais Açougues, com unidades em 10 estados, informou que as 'carnes de ossos' ficaram 100% mais caras entre o início da pandemia e agora.
O dono da rede diz que a venda de carnes de primeira, como a maminha, teve uma queda de 22%.
Por que o preço da carne subiu tanto?
Essa é a pergunta que muitos se fazem já que o Brasil é um dos maiores produtores de carne.
A expoicação é que a carne é uma commoditie, assim como o milho ou a seja, cujos preços são negociados em dólar. Com a alta da moeda americana, as commodities ficam mais caras e os produtores exportam em maior quantidade. A oferta interna da carne cai e os preços ficam cada vez menos acessíveis para a maioria das pessoas.
O que é comoddities?
São produtos de origem agropecuária ou de extração mineral, em estado bruto ou pequeno grau de industrialização, produzidos em larga escala e destinados ao comércio externo.
As principais commodities do Brasil são a soja, a cana-de-açúcar, o café, o minério de ferro, a carne bovina, o cacau e o alumínio.
Fonte: CUT Brasil