Em seu primeiro dia de trabalho em 2021, o presidente Jair Bolsonaro afirmou, na terça-feira (5), que “o Brasil está quebrado” e que ele não consegue “fazer nada”. Além disso, também atribuiu a alta do desemprego à falta de formação do brasileiro. “Uma parte considerável não está preparada para fazer quase nada”, afirmou.
Para o economista Marcio Pochmann, professor do Instituto de Economia da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), a declaração do presidente de que o Brasil está quebrado é uma espécie de “sincericídio”, ao apontar a inviabilidade do país, em termos econômicos.
Para Pochmann, o país tem saída. Mas só se parar de insistir no que chamou de “receituário neoliberal“. “Essa inviabilidade se dá pelo próprio receituário neoliberal, que não dá alternativas. A alternativa (para o governo) é corte de gastos, privatização. Obviamente, esse horizonte não é adequado para pensar a elevação da renda, do emprego”, afirmou em entrevista ao Jornal Brasil Atual nesta sexta-feira (8).
Esse tipo de medida foi defendida pelo ministro da Economia, Paulo Guedes, que tentou justificar a declaração do seu chefe. Segundo ele, a fala de Bolsonaro revelava compromisso com a “responsabilidade fiscal”. E prometeu mais cortes e privatizações em 2021.
Segundo o economista da Unicamp, esse tipo de declaração também serve para justificar o fim das políticas de estímulo, adotadas em 2020 para combater os efeitos da pandemia. Com o fim do auxílio emergencial e do programa de manutenção do emprego, qualquer eventual recuperação da economia será ainda mais difícil em 2021.
“O fato é que, em 2021, dificilmente a gente vai voltar a recuperar a economia, porque esses mecanismos que foram muito importantes possivelmente não estarão presentes”. No entanto, se tratam de “medidas paliativas”, que não são capazes de garantir desenvolvimento no longo prazo.
Saídas
Pochmann destacou que o país completou seis anos sem crescimento econômico expressivo. E, entre 2014 e 2019, foram perdidos mais de 2 milhões de postos de trabalho com carteira assinada. A saída, segundo ele, é um plano de desenvolvimento, tendo o setor industrial como “coluna vertebral”. Segundo Pochmann, um país de mais de 200 milhões de habitantes não pode ficar dependente do agronegócio.
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Fonte: Rede Brasil de Fato