Brasil de Bolsonaro tem um Maracanã de mortos pela Covid-19



Brasil de Bolsonaro tem um Maracanã de mortos pela Covid-19

Capacidade de lotação do Maracanã: 78.838

A insensatez do presidente Jair Bolsonaro, seguida por muitos governadores e prefeitos, leva a um genocídio sem precedentes. No domingo (19), o Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass) registrou também o total de 2.098.389 de casos oficiais de doentes pelo novo coronavírus. Não são só números, são pessoas, histórias, famílias destruídas. Quem não tem capacidade para salvar vidas jamais salvará nenhuma economia. Basta! Ou como gritaram as redes sociais: #Deu!

 

A Covid-19 em números: uma comparação de letalidade

O Brasil chegou a mais de 78 mil mortos de covid-19. Um Maracanã de mortos. São 300 vezes o número de vítimas do rompimento de barragem em Brumadinho (MG), em janeiro de 2019. Na ocasião, foram 259 mortos e 11 desaparecidos.

O número de mortos pela Covid-19 ainda supera, largamente, o desastre natural que mais deixou vítimas na história: as chuvas e deslizamentos na região serrana do Rio de Janeiro, com 917 mortos e 345 desaparecidos.

Os números da Covid-19 também são significativamente maiores do que as demais causas de mortes naturais. Em todo o ano de 2019, o Brasil registrou 1.109 mortes por gripe comum (influenza), sendo 787 por H1N1. Jair Bolsonaro chamou esse vírus de “gripezinha”, que não mataria mais que chamada gripe suína.

No auge da pandemia de H1N1, entre os anos de 2009 e 2010, o Brasil registrou 105.054 casos e 2.098 mortos. A covid-19 superou o número de mortos nos dois anos de maior disseminação da H1N1, em 31 dias.

Outra doença que, no início da pandemia, os negacionistas apontavam como mais letal é a dengue. Entretanto, o novo coronavírus se mostrou muito mais letal. Em 2019, a dengue deixou 754 mortos em todo o país. No pior ano da história em relação às mortes pela doença, 2015, foram 986 mortos.

O mesmo em relação aos acidentes de trânsito, que matam muito no Brasil. Em 2019, morreram, em média, 111 pessoas por dia, vítimas de acidentes no trânsito. Foram 40.721 vidas perdidas naquele ano. Em apenas quatro meses, a covid-19 já deixou quase o dobro de mortos.

As doenças cardiovasculares são, historicamente, as maiores causas de mortes no Brasil. São mais de 1.100 mortes por dia, 46 por hora. Há duas semanas, Brasil é o país em que mais pessoas morrem de Covid-19. A doença supera, neste período, os mortos por infarto e AVC. A média diária de mortos se mantém acima de 1.100 há mais de um mês.

O Brasil de Bolsonaro e o mundo frente à Covid-19

No contexto internacional, o Brasil carrega uma série de indicadores da vergonha. É um dos países que menos testa no mundo. Enquanto os Estados Unidos, local mais afetado pelo vírus, testa em média 118 pessoas para cada positivo, essa proporção não chega a quatro testes para um positivo no Brasil. 

O primeiro estudo em grande escala sobre a realidade da pandemia foi divulgado na última semana pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz). Analisando as mortes excedentes por causas naturais em quatro cidades – São Paulo, Rio de Janeiro, Fortaleza e Manaus –, foi notado um excedente de 22 mil mortes. Analistas da instituição apontam que, de forma conservadora, as mortes pela Covid-19 podem girar na casa dos 110 mil.

Sozinho, o Brasil tem mais do que o dobro de mortos de todos os países da América do Sul somados. Enquanto o grupo de 11 países soma 36.494 mortos, o Brasil supera os 78 mil. Isso desconsiderando a subnotificação.

Com a realidade da subnotificação, ainda não existe consenso científico de quando a situação deve melhorar no Brasil.

Enquanto o Brasil não fez nenhum tipo de rastreio de contágios, além de testar muito pouco, os governos, de forma geral, mal adotaram medidas de proteção sanitária. Agora, o país colhe os resultados. Enquanto isso, não faltam bons exemplos em meio à pandemia.

É possível citar países latinos, como a Argentina, Cuba e o Uruguai. A Argentina promoveu quarentenas intensas, e soma 2.112 mortos. Já o Uruguai e Cuba fizeram um intenso trabalho de rastreio dos contágios, analisando de forma setorizada e eficiente a disseminação do vírus. O resultado: Uruguai, 31 mortos, Cuba, 87.

Existem outros bons exemplos onde a responsabilidade do poder público e da sociedade resultaram em menos mortes e rápida reabertura da economia. Países liderados por mulheres se destacam no sucesso da gestão pública no combate à covid-19. Nova Zelândia (22 mortes), Alemanha (9.087), Taiwan (7 mortes) e Noruega (254) são exemplos. Estes países realizaram testes em massa e quarentenas rígidas para frear a doença. Outro ponto em comum entre essas nações é o forte sistema de assistência social, que promoveu cuidados com a população, protegendo vidas e economias.

Quando não se manifestou para ridicularizar a pandemia e os mortos, Bolsonaro disse se espelhar na Suécia (5.619 mortos). O país nórdico, no início da pandemia, resolveu não promover isolamento social. A ideia era imunizar a população por meio do amplo contágio. O resultado foi avassalador. O país teve um número elevado de mortes, e o ministro da Saúde teve de se desculpar pela condução desastrosa. Se o Brasil tivesse a mesma taxa de mortalidade sueca, já teríamos passado de 120 mil mortos.

Outro país com a condução desastrosa da pandemia é os Estados Unidos, de Donald Trump, aquele que diz que não se importa e modelo de necropolítica de Bolsonaro. Por lá, já morreram mais de 140 mil pessoas, mais do que o dobro de baixas oficiais de norte-americanos durante a Guerra do Vietnã.

Rechaço internacional

Trump e Bolsonaro desacreditaram da ciência e do novo coronavírus. Entretanto, o seguidor fiel latino-americano conseguiu arrancar críticas até mesmo do norte-americano. Por mais incompetente e frouxa tenha sido a reação dos Estados Unidos, o Brasil conseguiu superar. “O Brasil está enfrentando um grande problema, mas não testa como nós”, disse Trump. As críticas internacionais não param aí.

Bolsonaro foi o único presidente do mundo a demitir dois ministros da Saúde em meio à maior crise sanitária dos últimos 100 anos. Demitiu Luiz Henrique Mandetta e Nelson Teich. O primeiro, por defender a importância do isolamento social; o segundo, por não aceitar recomendar cloroquina de forma indiscriminada.

Bolsonaro também encontra críticas em órgãos internacionais de Saúde. Em maio, o governo tentou censurar dados da covid-19, o que provocou reações, inclusive da Johns Hopkins, maior entidade de estudo em epidemiologia dos Estados Unidos.

A Organização Mundial da Saúde também virou desafeto de Bolsonaro. O brasileiro insiste em receitar um remédio, a hidroxicloroquina, como “milagroso” contra a covid-19. Entretanto, uma série de estudos reconhecidos pela OMS mostram que o medicamento não tem eficácia no combate ao vírus. Ao contrário, tem efeitos colaterais graves no sistema cardiovascular.

“No Brasil, é o vírus que está no controle até agora”, disse o diretor de emergências da OMS, Michel Ryan. A entidade reconhece que o número de mortos parou de crescer de forma veloz no país, mas a manutenção das mortes acima da casa do milhar diariamente preocupa. “Não há maneiras de garantir que a queda vai ocorrer por si”, disse, sobre a falta de ações dos governos contra o vírus.

Os Estados Unidos fecharam fronteiras com o Brasil por conta da gravidade da crise. Enquanto isso, países vizinhos, como a Argentina, temem as fronteiras terrestres. Bolsonaro é criticado frequentemente pela imprensa local, que teme que a irresponsabilidade brasileira possa prejudicar cidades fronteiriças entre as nações latinoamericanas.

O mundo soma cerca de 14 milhões de infectados, com quase 600 mil mortos. No entanto, países que tiveram grande números de mortos hoje têm curvas da pandemia em clara queda, ao contrário do Brasil.

Fonte: Rede Brasil Atual

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