Bolsonaro acaba com as Comissões Tripartites Paritárias



Bolsonaro acaba com as Comissões Tripartites Paritárias

As comissões tripartites são articulações institucionais criadas para elaborar políticas públicas democraticamente. São, também,
fóruns para dirimir conflitos e propor soluções. Em nove de abril de 1996, o Ministério do Trabalho, seguindo uma recomendação da Organização Internacional do Trabalho (OIT), publicou a Portaria 393, criando a primeira Comissão Tripartite Paritária de Saúde e Segurança do Trabalho, também conhecida como a NR Zero.

A portaria alterou a metodologia de regulamentação estabelecendo como princípio básico a adoção do Sistema Tripartite Paritário – Governo, trabalhadores e empregadores, democratizando a discussão e a elaboração de novas Normas
Regulamentadoras (NRs) e a revisão das existentes.

O sistema tripartite, além de democratizar as ações de prevenção de acidentes e doenças decorrentes do trabalho, aumentou
o compromisso de todos na adoção de medidas efetivas para melhoria das condições e dos ambientes de trabalho.

Consequentemente, houve a diminuição de acidentes de trabalho.

Após a NR Zero, foram criadas várias Comissões Tripartites Paritárias temáticas de saúde e segurança no trabalho para revisar ou desenvolver novas normas de proteção e prevenção da vida e da saúde do trabalhador. 

Infelizmente, o Decreto Presidencial 9.759/2019 extinguiu mais de 500 comissões e outros fóruns com participação social na administração federal. Entre as comissões extintas, estão todas as Comissões Tripartites Paritárias temáticas de saúde e segurança no trabalho, o Conselho de Erradicação do Trabalho Escravo e o Conselho de Erradicação do Trabalho Infantil.

Paralelamente, ocorreram mudanças na composição e no funcionamento da Comissão Tripartite Paritária Permanente (CTPP), o
que também não foi bom. A extinção das comissões tripartites paritárias temáticas, aliada às mudanças e até a extinção de  algumas Normas Regulamentadoras e medidas aprovadas na MP 881, com certeza contribuirão para o aumento do número de vítimas de acidentes graves e fatais no trabalho.

Marta de Freitas é coordenadora do Fórum sindical e Popular de Saúde e Segurança do Trabalhador de Minas Gerais

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