Conhecido no mercado como um profundo especialista de diversas áreas do setor de energia, Bernardo Afonso Salomão de Alvarenga foi escolhido nessa quarta-feira (21), durante reunião do conselho de administração da Cemig, como o novo diretor-presidente da companhia. Ele já tomou posse no lugar de Mauro Borges.
Bernardo Salomão é graduado em engenharia elétrica pela UFMG e foi funcionário de carreira na Cemig por mais de 30 anos. Em sua trajetória na estatal, Salomão foi diretor comercial – de 2007 a 2010, no governo Aécio Neves – superintendente de relacionamento comercial com clientes corporativos, dentre outros cargos. Após trabalhar na Cemig, ele também foi diretor de energia da Usiminas.
Por decisão do conselho, o atual vice-presidente da empresa, Paulo Castellari, assume também a diretoria de finanças e relações com investidores. O conselho nomeou ainda Dimas Costa como diretor de gestão empresarial.
Apesar de o mercado financeiro ter colocado as ações da Cemig PN dentre as maiores baixas do dia, nessa quarta (21), com queda de 0,202%, entre lideranças do setor o nome de Salomão foi bem recebido. “O Bernardo tem bastante conhecimento da área de operação, da parte comercial, é um bom negociador, correto, tem tudo para fazer uma boa gestão, que é administrar bem a empresa e tomar as ações necessárias”, disse o ex-presidente da Cemig e da Eletrobras, José da Costa.
Para o fundador da Clamper e ex-funcionário da Cemig durante 20 anos, Aílton Ricaldoni, Salomão é um profundo conhecedor da área. “É um bom nome, ele tem história na Cemig. No primeiro semestre deste ano, conversei com ele porque é especialista na área de comercialização de energia”, elogiou Ricaldoni.
Reveses. Para conhecedores do mercado, a Cemig passou por dois reveses. Um deles foi a distribuição de muito dividendo nos últimos seis anos, e o segundo é que a Cemig acreditava que continuaria tendo a concessão, que seria automaticamente renovada em condições diferentes do estipulado na lei nº12.783, das usinas São Simão, Miranda e Jaguara. “Esses dois pontos foram negativos no caixa e no resultado financeiro do ano. Além disso, ela está com custos superiores aos de uma empresa privada”, avaliou uma fonte.
Por outro lado, um analista disse que a Cemig tem um corpo técnico “fabuloso” e “tem tido muito sucesso na comercialização de energia”. Por isso, tem tudo para reverter a situação. “Possivelmente vai ter que vender alguns ativos para poder ter uma receita e para diminuir a dívida. Vai ter que reduzir muito os custos. Terá que enxugar a estrutura, mandar gente embora, ter um programa de aposentadoria maior do que o que tem feito, e reduzir alguns benefícios”, detalhou.
Outra questão apontada por especialistas é que a Cemig quis crescer muito no Brasil e deixou alguns pontos no fornecimento de energia a desejar. “Isso precisa ser sanado para aumentar a credibilidade no mercado e do consumidor”.
Jornal O Tempo