Barragem de rejeito sobe para nível máximo de emergência em Itatiaiuçu (MG)



Barragem de rejeito sobe para nível máximo de emergência em Itatiaiuçu (MG)

“Comunidades ficaram apavoradas, pessoas passaram mal, moradores acharam que a barragem estava rompendo. Foi um grande alvoroço”. Para Patrícia Odione, moradora da comunidade Lagoa das Flores e integrante da Comissão de Atingidos(as) por Barragens de Itatiaiuçu (MG), a manhã da última terça-feira (9) foi tensa e desesperadora.

Na ocasião, os moradores do município ficaram sabendo pela televisão e redes sociais que a barragem de rejeito de Serra Azul, da ArcelorMittal, subiu para o nível 3 de emergência. O nível, que é o mais alto, indica possibilidade de rompimento.

A mudança na classificação ocorreu no último dia 22, em decorrência de uma nova resolução da Agência Nacional de Mineração (ANM) que alterou a classificação de risco de barragens de rejeitos.

Em nota, a Assessoria Técnica Independente da Aedas em Itatiaiuçu afirmou que um relatório demonstra que a barragem da ArcelorMittal possui problemas como o risco de liquefação. “Caso isso ocorra a barragem pode vir a romper. A nova pontuação, dada pela ANM, para este tipo de problema, coloca a barragem de Serra Azul em categoria de risco alto, aumentando seu nível de emergência para 3”, declarou.

Mesmo a alteração tendo acontecido ainda no mês de fevereiro, os moradores afirmam que não receberam nenhum comunicado da mineradora. De acordo com o Plano de Ação de Emergência para Barragens de Mineração (PAEBM), em caso de emergências nível 2 e 3 é necessário notificar as comunidades.

Falta de respeito e violência

A Comissão de Atingidos de Itatiaiuçu solicitou uma reunião com a mineradora para que ela esclarecesse sobre a segurança da barragem e o porquê de não ter sido comunicado às comunidades sobre a mudança de nível.

Na noite da terça-feira (9), mais de 200 atingidos participaram do encontro com a ArcelorMittal que durou mais de três horas. Segundo a Assessora Técnica da Aedas, Anita Dias, o momento serviu para que os moradores compartilhassem suas dúvidas e inseguranças.

“Além de expressar a falta de comunicação transparente da Arcelor para com as pessoas atingidas. A não comunicação da mudança de nível foi considerada falta de respeito e violência aos direitos humanos dos atingidos e atingidas”, explica.

Lama invisível

Patrícia contou ao Brasil de Fato MG que desde o ano de 2019, quando foi acionado pela primeira vez o PAEBM de Serra Azul, às comunidades vivem situações de insegurança e medo de uma ‘lama invisível’.

“As comunidades vivem com temor de uma lama invisível. A gente chama de lama invisível porque é o terror que essa situação passa para todos da comunidade. O pessoal fica achando que a qualquer momento a barragem pode se romper”, explica a atingida.

O outro lado

Em comunicado oficial, a ArcelorMittal informou que “a estrutura não apresenta risco de ruptura iminente” e reforça que a mudança de classificação se deu em função do novo critério estabelecido pela ANM.

Fonte: Brasil de Fato (MG), por Ana Carolina Vasconcelos

 

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