Bancários



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Mobilização chega ao décimo dia sem que banqueiros sinalizem nova proposta. Em São Paulo, Itaú é flagrado em ação ilegal para furar a greve, deslocando funcionários para empresa terceirizada

A greve dos bancários completa dez dias hoje (15), marcada pela pior proposta dos últimos anos, de 5,5% de reajuste, impondo uma perda real de 4% para a categoria, e pelo silêncio dos banqueiros, o que tem feito o movimento crescer em todo o país, de acordo com os sindicatos que representam os trabalhadores. Os bancários dos 26 estados e o Distrito Federal somam em todo o Brasil 11.439 agências e 42 centros administrativos paralisados, segundo a Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT).

De acordo com o presidente da Contraf, Roberto von der Osten, a greve de 2015 pode entrar para a história. "A resposta para a tentativa dos banqueiros de mudar o modelo de negociação que tem dado certo nos últimos anos será respondida com um modelo de paralisação diferente, estratégica", afirmou. O comando nacional dos bancários reuniu-se na tarde de ontem na sede da Contraf, em São Paulo, para avaliar o movimento. O balanço feito pelos dirigentes de todo o Brasil é que o movimento está melhor a cada dia, com apoio dos clientes e da opinião pública em geral.

Os trabalhadores querem reajuste salarial de 16% (incluindo reposição da inflação mais 5,7% de aumento real); participação nos lucros ou resultados (PLR) equivalente a três salários mais R$ 7.246,82; piso de R$ 3.299,66 (equivalente ao salário mínimo do Dieese em valores de junho último). Vales alimentação, refeição, 13ª cesta e auxílio-creche/babá: R$ 788 ao mês para cada (salário mínimo nacional); e melhores condições de trabalho com o fim das metas abusivas e do assédio moral que adoecem os bancários.

Além de não apresentarem proposta, bancos descumprem a lei de greve. É o caso do Itaú em São Paulo, flagrado ontem levando bancários com crachá de funcionários provisórios para prédio de empresa terceirizada na Barra Funda, a Contax. A prática desobedece a liminar que determina ao banco proibição dos contingenciamentos. A terceirizada mantém milhares de trabalhadores que deveriam ter os mesmos salários e direitos dos bancários, mas não têm. É significativo que o Itaú tenha escolhido justamente o prédio dessa terceirizada para forçar cerca de mil empregados a furar a greve.

Bancários dos mais diversos setores do Itaú madrugam em locais determinados pelo banco para ser transportados ao edifício. Com crachás provisórios, entram no prédio como se fossem terceirizados e de lá fazem o trabalho que deveria estar suspenso em respeito ao direito de greve da categoria. O banco já foi condenado pela 35ª Vara do Trabalho e está proibido, por liminar, de alterar locais e horários de trabalho dos empregados ou promover outros atos de contingenciamento que firam o direito de greve. A multa diária por descumprimento subiu de R$ 50 mil para R$ 300 mil. A ação contra o Itaú foi proposta pelo Sindicato dos Bancários e Financiários de São Paulo, Osasco e Região, com base em denúncias enviadas por trabalhadores, dentre eles os que foram forçados a dormir no Centro de Atendimento Tatuapé (CAT) na madrugada do último dia 7.

'Zombie Walk' protesta contra doenças
ntem, bancários de Porto Alegre usaram irreverência e criatividade, e realizaram uma marcha de zumbis para chamar a atenção da população no centro da cidade para o “adoecimento” da categoria. “Nós temos uma pesquisa nacional que diz que mais de 40% da categoria toma algum tipo de antidepressivo e ansiolítico por conta da questão de metas abusivas, assédio moral e pela falta de condições de trabalho”, disse Everton Gimenis, presidente do Sindicato dos Bancários de Porto Alegre e Região Metropolitana (SindBancários), que organizou o ato. Contando com o apoio de um profissional, manifestantes receberam maquiagem inspirada na série de televisão Walking Dead.

O ato começou na Praça da Alfândega por volta do meio-dia. Após o almoço e um tempo para que as maquiagens fossem concluídas, eles partiram às 13h pelas ruas do centro e no caminho encenaram “ataques” a agências bancárias. O ato terminou com uma encenação na Esquina Democrática com os zumbis dançando ao ritmo da música “Vamos Zumbi”, uma paródia da canção “Vamos Fugir” (de Gilberto Gil), pouco antes das 14h.

Rio de Janeiro e Belo Horizonte
Diante do impasse criado pelos banqueiros, a greve também cresce no Rio de Janeiro. A adesão, que já havia chegado à Lapa, se estendeu ontem (14) para os bairros de Santo Cristo e Glória, além de três unidades do Largo da Cancela. Ao todo, são 457 agências fechadas. O movimento ganhou o apoio de mais um prédio administrativo, totalizando sete unidades. O número de bancários em greve passou de 11.720 para 12.255.

"São os banqueiros os responsáveis pelo prolongamento desta greve. A nossa pauta de reivindicações é justa e absolutamente em condições de ser atendida pelos bancos. A Fenaban precisa sair de sua postura intransigente e de descaso com a categoria e parar com a choradeira injustificável na mesa de negociação", disse a presidenta do sindicato do Rio, Adriana Nalesso. Em Belo Horizonte e região, ontem, as atividades estavam paralisadas em 54% das unidades de trabalho. Em relação ao primeiro dia, o crescimento na adesão já passa de 114%. A concentração no nono dia foi realizada em frente à agência do Mercantil do Brasil, no centro de BH. Bancário protestaram contra a intransigência dos bancos e contaram novamente com a presença da Cia dos Aflitos. Hoje, o ato da categoria é realizado em frente à agência do Banco do Brasil na rua da Bahia, 2.500, próximo ao Minas Tênis Clube 1.

A última negociação entre o Comando Nacional dos Bancários e a Fenaban foi realizada no dia 25 de setembro, quando foi apresentada uma proposta rebaixada que foi rejeitada por assembleias em todo o país.
Para os banqueiros, só importam os lucros, mesmo que para isso seja necessário massacrar a categoria com demissões, falta de funcionários, pressões abusivas e falta de segurança nas agências. Continuamos fortes em nosso objetivo e contamos com o apoio e a participação de todos", afirmou a presidenta do Sindicato dos Bancários de BH e Região, Eliana Brasil.

Fonte: Rede Brasil Atual

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