Austeridade e apenas visão financista: Cemig economiza R$ 1,2 bi



Austeridade e apenas visão financista: Cemig economiza R$ 1,2 bi

A Cemig apostou na austeridade financeira na gestão e conseguiu economizar R$ 1,2 bilhão desde 2015. A economia, porém, não resultou em tarifas menores para o consumidor final. “Esse resultado não refletiu em nada na diminuição da tarifa em função do modelo regulatório atual, que está errado”, afirmou, na quinta-feira (5), o diretor de relações institucionais e de comunicação da empresa, Thiago de Azevedo Camargo. Segundo ele, no atual modelo, o reajuste é definido pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) e a Cemig deve cumpri-la. O último reajuste médio da conta de luz, definido em maio, foi de 23,19%. “O uso das térmicas é um problema porque é uma energia muito cara. Quando o risco hidrológico é alto, o consumidor deve ser orientado a economizar, seja pela informação ou pela tarifa, como as bandeiras tarifárias”, disse. 

A economia foi alcançada, segundo o presidente interino da empresa, Luiz Humberto Fernandes, pela distribuição menor de dividendos adotada pela gestão, pela renegociação da dívida, com alargamento de prazos e juros menores, pela redução de custos, inclusive, na folha de pagamento, e pela venda de ativos que não estavam ligados ao negócio da empresa. 

“Em gestões anteriores, 100% do lucro líquido era distribuído como dividendo, isso impedia que a empresa investisse com recursos próprios e para isso a empresa se endividava. Adotamos a distribuição de 50% do lucro líquido que já estava previsto no estatuto. É uma medida que veio para ficar”, afirmou.

Segundo Fernandes, a política de gestões passadas de distribuir 100% do lucro líquido da empresa aos acionistas via dividendos, foi uma das razões que acabou acarretando na perda da concessão de quatro usinas importantes para a Cemig: Miranda, Jaguara, São Simão e Volta Grande. “Quando a empresa soube que os prazos de concessão tinham sido alterados pela medida provisória 579 (de 2012), era o momento de diminuir a distribuição de dividendos. Se tivessem feito, teríamos mais chance de ficar com as usinas”, declarou.

Multa. A Cemig vai entrar com o recurso na próxima semana contra o processo administrativo aberto pela Aneel e que pode acarretar em uma multa de R$ 12,5 milhões. O processo se refere a indicadores de atendimento da empresa. “A Aneel entende que se um evento atinge 300 pessoas ou uma, o peso é o mesmo. Nós entendemos que não e priorizamos o evento que atingiu 300, e estamos tranquilos que nosso cálculo está certo”, disse Fernandes sobre o tema. 

Contenção de gastos

Números da redução de gastos da Cemig

Distribuição de dividendos 2018 - R$ 500 milhões 2017 - R$ 560 milhões

2016 - R$ 674 milhões
2015 - R$ 796 milhões
2014 - R$ 3,92 bilhões
2013 - R$ 4,6 bilhões

Funcionários com carteira assinada

2014 - 7.922 
2018 - 5.928
Diferença entre 2014 e 2018: 1.994. Entre os que deixaram de ser carteira assinada, 60% foram substituídos por terceirizados

Conselho de administração 

2014 - 15 membros 
2018 - nove membros 

Redução de 28% nos gastos com o conselho de administração, entre 2015 e 2018

Redução de custos entre 2015 e 2018

Cronograma de obras deve ser colocado em dia em agosto

O cronograma de obras da Cemig, que chegou a ter 32 mil obras atrasadas em 2015, ficará em dia a partir do próximo mês. “Em agosto deste ano vamos zerar as obras atrasadas e ficar apenas com as obras que estão em dia”, disse o diretor de distribuição da empresa, Ronaldo Gomes.

A Cemig investiu R$ 5 bilhões na rede de distribuição e R$ 800 milhões na zona rural. No fim de 2015, eram 26 municípios com 99% de atendimento rural no Estado. O número atual é de 604 das 774 cidades atendidas pela empresa. “Até o fim deste ano pretendemos que todas as cidades atendidas alcancem o índice de 99% da área rural”, disse o diretor de distribuição da empresa, Ronaldo Gomes.

Redução às custas de 2.000 demissões

Para alcançar a redução de custos, a Cemig cortou mais de 2.000 postos de trabalho com carteira assinada nos últimos quatro anos, admitiu naa quinta-feira (5) a diretoria da empresa. Em 2014, eram cerca de 8.000 funcionários com carteira assinada, e atualmente são pouco menos de 6.000.

Segundo o diretor de distribuição da empresa, Ronaldo Gomes, cerca de 60% dos postos que antes eram contratados foram substituídos por terceirizados. São cerca de 1.200 vagas que passaram a ser ocupadas via contrato de terceirização. 


“Além dos terceirizados, também fomos ao mercado para substituir aposentados e pessoas que participaram do programa de demissão voluntária”, disse. 

A redução de custos na folha de pagamento e na Participação nos Lucros e Resultados (PLR), segundo a Cemig, foi de 33% em 2018 na comparação com 2014. A PLR da empresa é de 3% do lucro líquido, e 50% do valor é distribuído uniformemente entre os funcionários. Os outros 50% de acordo com “o cargo e o desempenho do empregado”, afirmou o diretor de Finanças e Relações com investidores da Cemig, Maurício Fernandes Leonardo Júnior.

Fonte: jornal O Tempo

 

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