Audiência pública: apagões da Cemig são frequentes em várias regiões; Uberlândia é muito afetada



Audiência pública: apagões da Cemig são frequentes em várias regiões; Uberlândia é muito afetada


A gestão privada de Zema na Cemig continua com a precarização e o sucateamento da infraestrutura, além de buscar só o lucro para os acionistas, claramente para construir as condições para privatizar a empresa.

Os graves e constantes apagões em Uberlândia e outras cidades da região têm sido tema de debates públicos na cidade e também no âmbito da Assembleia Legislativa de Minas Gerais, com foco na gestão Zema na Cemig, que administra para o mercado, sem realizar os devidos e necessários investimentos, e tenta mudar a opinião pública para conseguir a privatização da empresa.

Em Uberlândia aconteceu no dia 11/12 uma audiência pública chamada pelo promotor de Defesa do Cidadão do Ministério Público de Minas (MPMG) e titular do Procon na cidade, Fernando Martins. O promotor é autor de uma ação civil pública que cobra da gestão da Cemig responsabilidades, mais investimentos e o pagamento de uma multa de R$ 1,2 milhão pelos danos causados à população.

O Sindieletro, por meio da Regional Triângulo, se articulou junto à vereadora de Uberlândia Amanda Gondim (PDT) e agendou um diálogo com o promotor para que pudesse participar da reunião pública expondo à população as informações relevantes sobre a gestão Zema na Cemig e os impactos no atendimento da empresa.

No decorrer da audiência, que contou com a participação de diversos parlamentares, inclusive de cidades vizinhas, notou-se uma grande insatisfação com o atendimento prestado pela empresa na região. Depoimentos apontaram que os bairros da zona sul da cidade e a zona rural estão sendo muito afetados pelos apagões.

Os representantes da Cemig fizeram uma apresentação que já havia sido feita também na Câmara de Vereadores de Uberlândia. Responsabilizaram os eventos climáticos mais severos e informaram sobre a perspectiva de implementação de uma nova Subestação, a Uberlândia 8, na zona sul da cidade. O promotor Fernando Martins disse que é inaceitável que a desculpa apresentada pela empresa fosse unicamente a questão dos eventos climáticos.

Sindieletro: causas dos apagões têm relação com o modelo de gestão

Durante a audiência, o Sindieletro levantou uma série de aspectos para mostrar: as causas dos apagões estão intimamente relacionadas com o modelo da atual gestão da empresa. Um modelo que privilegia o lucro em detrimento da boa qualidade dos serviços prestados.

O Sindieletro detalhou que há várias decisões tomadas pela gestão da Cemig com foco em redução de custos, comprometendo a boa qualidade dos serviços, comoa precarização das estruturas de treinamento dos trabalhadores da empresa, falta de investimento ao longo dos anos em manutenção e, principalmente, a escassez de mão de obra, entre outros motivos. Explicou que os apagões ocorrem há algum tempo também pela sobrecarga dos transformadores.

As quedas de energia já aconteciam antes mesmo dos vendavais severos, pois houve uma grande demora da empresa em realizar investimentos de infraestrutura na região sul, onde também ocorreu um aumento da demanda energética. Com o aumento da demanda e a falta de investimentos, os equipamentos da subestação ficaram sobrecarregados e houve a necessidade de fazer manobras nas chaves para alívio de carga, o que gerou alguns apagões e instabilidades no sistema.

A Cemig anuncia investimentos elevados que estão previstos para o próximo ciclo, entretanto, há uma dificuldade em implementar todo o valor que está provisionado, visto que é necessária uma quantidade muito maior de trabalhadores com experiência.

Ainda de acordo com o Sindieletro, houve fechamento de agências de atendimento, direcionando os consumidores para canais digitais da empresa, que são pouco efetivos e dão uma grande sensação de impotência e revolta. A atual gestão sabe que esse tipo de medida coloca a opinião pública contra a empresa e facilita muito a narrativa de privatização.

Os gestores atuais foram trazidos a peso de ouro pelo governador Zema, pois já têm um histórico de contribuição na privatização de outras empresas do setor elétrico.

ALMG debate os apagões, que se estendem pelo estado

Os apagões envolvendo a Cemig não se restringem a Uberlândia e restante da região Triângulo. Cidadãos da Grande BH, do Triângulo e outras regiões de Minas reclamam sistematicamente da queda de energia da Cemig e esse assunto tem sido pautado em debates na ALMG. O último debate foi no dia 6/12, na Comissão de Defesa do Consumidor e do Contribuinte da Assembleia Legislativa. O Sindieletro esteve presente.

Participaram moradores de Uberlândia, Ituiutaba, Ibiá, Jaboticatubas e Belo Horizonte, entre outras cidades. Eles relataram que são vítimas de constantes apagões e não aguentam mais sofrer os prejuízos e que a gestão da Cemig sempre se recusa a ressarcir.

O promotor Fernando Martins compôs a mesa do debate e criticou: “A Cemig se vale de argumentos antigos, como causas naturais, incluindo a falta de chuvas. Isso não cabe mais. Pelo lucro de R$ 4 bilhões que ela alcançou, a empresa teria que dar conta", afirmou.

 

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