Ato "Parem de nos matar" denuncia violência policial no RJ



Ato

Em função da onda crescente de mortes decorrentes de ações policiais em favelas do Rio de Janeiro, moradores e movimentos populares organizaram uma manifestação na manhã do domingo (26), na orla do Ipanema, zona sul da capital. Com o mote “Parem de nos matar!”, o protestou criticou a política de segurança pública adotada pelo governo de Wilson Witzel (PSC) que já resultou em 434 mortes apenas no primeiro trimestre de 2019, segundo dados do Instituto de Segurança Pública (ISP). Palavras de ordem como "Fora Witzel", "Fora Bolsonaro", "Não tem arrego, se mexer com nossos filhos eu tiro seu sossego" foram entoadas pelos manifestantes.

O ato começou a ser pensado em abril após a morte do gari comunitário William Mendonça dos Santos, conhecido como Nera, durante um tiroteio na favela do Vidigal, localizada na zona sul do Rio, entre os bairros do Leblon e São Conrado. "Mesmo dizendo que era trabalhador e vestido com a roupa de gari atiraram pelas costas. Na mesma data fizemos uma  manifestação no Vidigal e fomos repreendidos pela polícia de forma brutal. Percebemos que não adianta fazer ato dentro da favela e resolvemos vir para o asfalto", explicou a professora Bárbara Nascimento, do coletivo Favela no Feminino e Politilaje. "Viemos mostrar nossos corpos negros e pedir, inclusive, o apoio de toda a sociedade e da classe média progressista, porque todas as vidam importam", acrescentou.

Dias antes da morte do gari Nera, o músico Evaldo Rosa dos Santos e o catador de papel Luciano Macedo foram executados pelo Exército com 80 tiros na Estrada do Cambotá em Guadalupe, zona oeste. Outro caso que motivou o ato foi a morte do estudante Lucas Brás de 17 anos, alvejado no Parque Royal, zona norte.

"É muito forte dizer "parem de nos matar". A gente não quer mais uma política de segurança que não garante segurança e que viola uma série de direitos. Pedimos o fim desse genocídio, dessa barbárie porque no Estado Democrático de Direito isso não é aceitável", disse a moradora da Maré, Shyrlei Rosendo, do Redes da Maré.

Ainda de acordo com dados do Instituto de Segurança Pública (ISP), 4 mortes por dia foram ocasionadas pela intervenção policial no primeiro trimestre de 2019, o que representa aumento de 18% em relação ao ano anterior. 

"Não é mais possível conviver com incursões da Polícia Militar dentro das favelas, que chegam atirando, metendo o pé na porta e matando a nossa população. É uma tal de bala perdida o tempo todo. Todos os dias nós acordamos com óbitos dentro das favelas", protestou Fátima Monteiro, coordenadora estadual do Movimento Negro Unificado (MNU).

Militantes do Levante Popular da Juventude realizaram uma intervenção para denunciar o silenciamento das juventudes negras das periferias. "Viemos de luto, todos de preto e amordaçados representando o silenciamento das vidas negras. Amarrados para mostrar o quanto nós somos limitados nessa sociedade, do quanto a falta de opções, de escolha e de direitos nos amarram a condições de vidas, muitas vezes, deprimentes", explicou Louise Lagoeiro, estudante da Universidade Federal Fluminense (UFF).

A manifestação também contou com apresentações artísticas de MC Leonardo, Filhas de Gandhi, de alunos da Biblioteca Parque, Slam da Poesia, Coletivo Favela Tem Voz, entre outros. Parlamentares também marcaram presença no atividade, como as deputadas federais Benedita da Silva (PT-RJ) e Jandira Feghali (PC do B), a deputada estadual Renata Souza (Psol-RJ) e o vereador Eduardo Suplicy (PT-SP). 

Fonte: jornal Brasil de Fato

 

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