Em Ato Simbólico realizado na sexta-feira (7), movimentos sindical, sociais, populares e lideranças políticas disseram não ao genocídio em curso em Minas Gerais e no Brasil. No final de semana, o número de mortes por Covid-10 ultrapassou 100 mil.
Organizado e coordenado pela Central Única dos Trabalhadores de Minas Gerais (CUT/MG) e, o Sindicato dos Servidores e Empregados Públicos de Belo Horizonte (Sindibel), o protesto aconteceu na Praça da Estação, Região Central da capital mineira. Os manifestantes homenagearam as quase 100 mil pessoas (naquele momento era quase, mas passou das 100 mil mortes no sábado) que morreram pelo Covid-19 e denunciaram o descaso do governador Romeu Zema e do governo de Jair Bolsonaro com a saúde pública e com os trabalhadores da saúde e, por isso, o dia foi de luto, pela vida de milhares de brasileiros, e também de luta.
Na atividade, que fez parte do Dia Nacional de Lutas em Defesa da Vida e dos Empregos, foram respeitadas todas as normas sanitárias, para evitar a contaminação, observando o distanciamento e usando máscaras, de acordo com as recomendações da Organização Mundial de Saúde (OMS). Além de faixas com “Fora Zema”, “Fora Bolsonaro” e outros temas, mil cruzes foram colocadas na Praça para lembrar as vítimas da Pandemia de Coronavírus em todo o Brasil. O Sindibel levou ao ato o lema: “Nenhuma vida a menos”.
Além da ineficácia no combate à doença por Romeu Zema e Jair Bolsonaro, que adotam políticas genocidas, trabalhadores e trabalhadoras chamaram a atenção para o descaso com os servidores da Saúde, que ficam na linha de frente do enfrentamento.
No último dia 30 de julho, a Fundação Getúlio Vargas (FGV) divulgou que, apenas um em cada três profissionais de Saúde foram testados pela doença no Brasil, e que apenas 32% dos agentes comunitários de saúde receberam equipamentos de proteção individual de forma adequada.
Servidores da saude: muito afetados
Os números afetam ainda mais os servidores, que têm relatado um medo cada vez maior à realidade da doença. Segundo a FGV, 89% dos agentes comunitários de saúde estão com medo da Covid-19. Entre os profissionais da enfermagem, 83% relataram medo. O índice de temor é de 79% entre os médicos e 86% nos demais profissionais da área.
No Brasil, há um apagão de dados de trabalhadores da Saúde que morreram pela Covid-19. Em junho, dado mais atualizado pelo Ministério da Saúde, 169 trabalhadores já tinham morrido pelo Sars-Cov-2 no Brasil, e o país já era o líder nesta triste estatística. De lá para cá, o governo federal sequer atualizou os dados. Em Belo Horizonte, já são 403 profissionais infectados e uma morte, do técnico de enfermagem Gerônimo Batista Pires. Ele morreu no dia 26 de julho e era lotado na UPA Barreiro. Gerônimo foi homenageado no ato da sexta-feira (7).
“O ato simbolizou, infelizmente, o número de pessoas que perderam a vida por conta deste vírus e pela irresponsabilidade, tanto pelo governo federal, representado por Bolsonaro, tanto pelo governo do Estado, representado por Zema, que não fizeram nenhuma ação efetiva desde março, quando a Pandemia chegou ao Brasil. Estamos aqui no nosso protesto, entendendo que a única solução para esta Pandemia é o isolamento social, o distanciamento social. Somos contrários à abertura do comércio feita em Belo Horizonte, por entender que isso pode trazer uma sensação de normalidade, que não é real. Estamos na crescente da doença e o momento não é de abrir o comércio. O momento seria dos governos estadual e federal darem auxílio aos micro e pequeno empresários para que eles tenham condições de manter seu comércio fechado enquanto durar a Pandemia. Estamos aqui, da CUT Minas, contra a abertura do comércio e em memória ás vítimas da Covid-19 no Brasil”, declarou o presidente da CUT/MG, Jairo Nogueira.
“Na semana em que está chegando ao absurdo de 100 mil brasileiros mortos. E entre os 100 mil, mais de 500 profissionais da saúde, o Sindibel, junto com a CUT e outras entidades, promovemos um ato de homenagem a todas as vítimas deste genocídio. E, ao mesmo tempo, um ato de protesto, pelas condições de trabalho dos profissionais de saúde. E também contra o Ministério da Saúde que, há dois meses, oficialmente deixou de atualizar os dados dos profissionais que estão perdendo a vida. Ato de homenagem e de luta. Nosso lema é ‘Nenhum direito a menos, nenhuma vida a menos’”, afirmou o presidente do Sindibel, Israel Arimar.
“Lamentamos as mortes de cerca de 100 mil pessoas. E o governo federal é o maior responsável por tantas mortes. Pobres, negros e mulheres são as maiores vítimas da Pandemia. Não são apenas números, têm famílias, pais, familiares, amigos. É uma vergonha o que vem acontecendo no Brasil e em Minas Gerais. Não há compromisso com a saúde pública, com a população. Continuaremos na luta por todos e todas e nos solidarizamos com as famílias das vítimas e lutaremos pela manutenção do isolamento social e pelas vidas de todas as pessoas”, disse Denise Romano, coordenadora do Sindicato Único dos Trabalhadores em Educação (Sind-UTE/MG).
“Nos unimos aqui hoje contra o genocídio que está em curso no país e tem representante em Minas Gerais. O governo de Romeu Zema não fez os testes necessários e o número oficial de casos deixa claro de que não há transparência na divulgação do número real de contaminados e de mortes. Além disso, não aparelhou adequadamente o Sistema Único de Saúde (SUS). O governo fica do lado da Fiemg, não tem compromisso com a proteção da população e tem contribuído para o genocídio. Não é um governo a serviço da vida e, sim, da morte. E usa a Pandemia para tentar aprovar outra política de morte, que é a reforma da Previdência”, afirmou a deputada estadual Beatriz Cerqueira (PT).
“Assim como Beatriz falou, os governos estadual e federal não estão comprometidos com políticas públicas para defender a vida. O governo se evidencia como genocida quando quase 100 mil pessoas morrem. E o governo não tem planejamento, metas ou orçamento. É um desprezo total com as vidas das pessoas. Nós, do Sindicato dos Bancários, lutamos desde o início da Pandemia pelos direitos e as garantias da categoria. Parabenizamos a CUT e todos as entidades pela organização desta manifestação, que é muito importante para dialogar com a população e denunciar estas políticas de morte”, disse Ramon Peres, presidente do Sindicato dos Bancários de Belo Horizonte e Região.
“Hoje, infelizmente, é um dia de luto. Mas, também, de luta. Precisamos denunciar que esta doença tem lado. E este lado é a periferia, os mais pobres, a classe trabalhadora. Ela afeta, e muito, a quem não pode ficar em casa. São os lixeiros, os profissionais da saúde, os motoristas de ônibus. E os petroleiros. No Espírito Santo, foram registradas 54 contaminações. A gerência da Petrobras, em Minas Gerais, se recusa a revelar o número de contaminados. Não estão preocupados com vidas, mas com a economia. A doença tem lado. E somos nós. A saúde tem que estar em primeiro lugar. Nossos mortos não vão voltar. Nós manteremos o país funcionando, mas com dignidade, respeito, segurança. Chegamos aonde não deveríamos se houvesse respeito e dignidade: 100 mil mortes. Nós recuperamos a economia, mas não podemos recuperar vidas”, declarou Alexandre Finamori, coordenador do Sindicato dos Petroleiros de Minas Gerais (Sindipetro-MG).
“O capitalismo impõe a desigualdade até mesmo no isolamento social. Na favela, são dez ou mais pessoas dentro de uma moradia. Não tem como fazer o isolamento. Quem tem dinheiro vai sobreviver. Quem não tem vai morrer. Esta é a política genocida de Zema e Bolsonaro. E os dois ainda se aproveitam da Pandemia para passar um trator sobre servidoras e servidores públicos. E nós, dos Correios, entraremos em greve no dia 17. E contamos com o apoio das demais categorias em defesa dos serviços públicos e contra as privatizações. A empresa quer retirar todas as cláusulas da nossa convenção. Tem deputados do PSL dizendo que somos privilegiados. Precisamos nos unir para defender o serviço público como representante do povo brasileiro. Só com a unidade vamos barrar os retrocessos”, afirmou Robson Silva, presidente do Sindicato dos Trabalhadores nas Empresas de Correios, Telégrafos e Similares de Minas Gerais (Sintect-MG).
“Além do Dia de Luto e de Luta de hoje, nos preparando para mais um Grito dos Excluídos, no dia 7 de setembro. Zema e Bolsonaro têm responsabilidade pelos 100 mil mortos. Acreditamos que os números sejam ainda maiores, por causa da subnotificação e porque muitos não foram testados. Defender a vida é a melhor herança que nós podemos deixar”, afirmou Soniamara Maranho, do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB) e da Frente Brasil Popular Minas Gerais.
“Infelizmente, hoje é um dia de luto. Nós mulheres somos as mais afetadas pela Pandamia. Somos a maioria na força de trabalho que está na linha de frente do tratamento da Covid-19. Somos maioria na enfermagem. É preciso construir um projeto de lutas para derrotar estes governos. Fora Zema. Fora Bolsonaro”, disse Bernadete Monteiro, da Marcha Mundial de Mulheres.
Fonte: CUT Minas