A notícia de que o corpo de Bárbara Vitória Lopes, de apenas dez anos de idade, foi encontrado sem vida e com indícios de violência sexual gerou indignação na população mineira.
A menina estava desaparecida desde o domingo (31), quando foi a uma padaria, próxima a sua casa, comprar pão. Dois dias depois, na terça-feira (2), a criança foi encontrada morta, sem parte de suas roupas e com marcas de estrangulamento, num campo de futebol em Ribeirão das Neves (MG).
Um ofício, encaminhado aos órgãos responsáveis pela presidenta da Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG), Andréia de Jesus (PT), solicita mais rapidez na apuração do caso.
Para a deputada, o assassinato de Bárbara é resultado do machismo estrutural e do feminicídio contra meninas e mulheres brasileiras.
“Não tem nada de isolado. Nós mulheres, principalmente mulheres pretas, já nascemos sendo violentadas pelo sistema patriarcal e pelo machismo enraizado na sociedade. Esse assassinato brutal contra a menina Bárbara é reflexo da ausência de amparo por parte do poder público”, enfatiza Andréia de Jesus.
Um levantamento do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, demonstrou que, entre março de 2020 e dezembro do ano passado, mais de 100 mil mulheres e meninas foram violentadas sexualmente no país.
Em 2021, a quantidade de crianças e adolescentes menores de 14 anos estupradas no Brasil, representou mais de 50% da totalidade de casos. Ao todo, foram 35.735 vítimas vulneráveis.
Além disso, o levantamento aponta que, no mesmo ano, 1.319 meninas e mulheres foram vítimas de feminicídio.
Feminicídio
A legislação brasileira define o feminicídio como o assassinato de mulheres por serem mulheres. Em vigor desde 2015, a Lei 13.104 tipifica a prática como crime hediondo e inafiançável.
Também em 2015, o Mapa da Violência, organizado pela Faculdade Latino-americana de Ciências Sociais (Flacso), identificou o Brasil como o quinto país que mais mata mulheres no mundo.
A vereadora de Belo Horizonte, Iza Lourença (PSOL), acredita que o caso de Bárbara precisa servir como um chamado à sociedade para o enfrentamento ao machismo. “Até quando nossas meninas vão correr o risco de ir à padaria e não voltar mais? Nossas meninas têm o direito de viver em paz”, indagou, nas redes sociais.
Papel do Estado
Os altos índices de violência e feminicídio de mulheres e meninas no Brasil, evidenciam a necessidade de refletir sobre o papel do Estado e da população no enfrentamento a essa realidade.
Na avaliação de Andréia de Jesus, uma estrutura robusta de enfrentamento a esse cenário envolve a mobilização das escolas, a elaboração de campanhas de conscientização e o preparo de servidores públicos que lidam diretamente com as vítimas.
“O Estado precisa começar com as estruturas de acolhimento e de encaminhamento. Mas também precisa se comprometer com a formação e conscientização de toda a sociedade”, conclui.
Repercussão
Nas redes sociais, políticos mineiros demonstram indignação com a morte da menina Bárbara, se solidarizam com a família e pedem por justiça.
Fonte: Brasil de Fato MG, por Carolina Vasconcelos