Asolar: trabalhadores no container e no mato



Asolar: trabalhadores no container e no mato

De um lado, a omissão da Cemig, que não fiscaliza e não exige o cumprimento dos contratos. Do outro, estão os trabalhadores expostos a todos os tipos de abusos e sonegação de direitos. No meio, os fornecedores das empreiteiras, vítimas de calotes e prejuízos e, na ponta, os consumidores que pagam uma das tarifas de energia mais caras do país, mas sentem, no dia a dia, a queda da qualidade dos serviços.

Dessa vez, a denúncia vem de donos de restaurantes, postos de combustíveis, hotéis, oficinas mecânicas e casas de peças de Unaí e outras cidades do Noroeste de Minas, todos fornecedores da Asolar, que não receberam pelos serviços prestados.

A proprietária de dois galpões, Eremita Martins, alugou os imóveis para a Asolar em outubro de 2015, mas nunca recebeu um único centavo.
De acordo com Eremita, cobranças foram várias, muitas também foram as promessas de pagamento.

Em maio, a Justiça determinou a desocupação dos galpões e o levantamento dos bens da empresa que podem ser colocados à disposição para quitar a dívida. Eremita não poupa críticas à Cemig. “Nem a tinta para pintar os galpões foi paga.A Cemig deveria ter vergonha de contratar empresas como esta”, desabafa.

Container vira escritório

A Asolar desocupou os imóveis, mas continuou no terreno e realocou os trabalhadores do escritório em um container. Homens e mulheres dividem um espaço apertado, sem banheiro e ventilação, sem água e energia elétrica e contam apenas com a boa vontade de vizinhos ou o constrangimento de procurar lotes vagos para as necessidades.

A “gata” está procurando novo imóvel, mas a fama de má pagadora se alastra pela região e ninguém quer fazer negócios com a empresa, porque a única certeza é de que vai levar calote.

Sem salários e benefícios

Paciência. Está e a resposta do dono da empreiteira para os trabalhadores que cobram os salários, que nunca são pagos na data certa. Paciência para o tíquete alimentação que não foi creditado, para o vale transporte, para o convênio médico e odontológico que não atende por falta de pagamento, para o FGTS e o INSS que não foram depositados.

Os trabalhadores denunciam que todo mês têm que mobilizar para exigir salários e os parcos benefícios oferecidos que nunca são pagos sem que haja paralisações.

Insegurança e retaliações

O desleixo da empresa se reflete também na falta de ferramentas, equipamentos de segurança adequados, na ausência de manutenção dos veículos e no estado de conservação dos pneus e equipamentos com laudos vencidos.

Trabalhadores afirmam que, por falta de crédito, a Asolar passa R$ 100 reais para abastecer os caminhões. Quando o combustível está acabando, o jeito é retornar para a base sem concluir os serviços, o que gera reclamações dos consumidores contra a queda na qualidade dos serviços da Cemig.

Após a última paralisação dos trabalhadores, em maio, para cobrar o pagamento dos salários, a empresa iniciou a caça às bruxas e já demitiu cerca de 50 eletricitários. Essa é a resposta autoritária da Asolar para uma reivindicação democrática e justa.

Recebemos a informação de que na sexta-feira (20/05), a Asolar entregou o contrato para a Cemig e encerrou suas atividades na SM/PR em toda a Região Noroeste, demitindo parte dos trabalhadores.

Agora, a preocupação é saber como fica a situação dos eletricitários. O Sindieletro procurou a Asolar para falar sobre a situação da empresa, mas seus representantes preferiram se calar diante das denúncias, até agora com a conivência da Cemig.

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