Artista brasileiro é atacado por peça: “Não foi descobrimento, foi matança”



Artista brasileiro é atacado por peça: “Não foi descobrimento, foi matança”

O artista brasileiro Rodrigo Ribeiro Saturnino foi vítima de xenofobia em Portugal, depois que expôs uma bandeira com os dizeres: “Não foi descobrimento, foi matança”, em referência à colonização portuguesa no Brasil. A peça faz parte da amostra Interferências do Museu de Arte, Arquitetura e Tecnologia de Lisboa (MAAT).

“As pessoas acabam de alguma forma atacando o meu trabalho e atacando a minha obra de uma forma muito agressiva, com muito ódio e muita xenofobia”, declarou Saturnino, em entrevista ao Globo.

Ele, que define seu trabalho como decolonial e antirracista, mora em Portugal desde 2007, quando se mudou para fazer um mestrado.

O artista é conhecido como ROD e compartilhou a bandeira em suas redes sociais. Ele revelou que vem recebendo ofensas por isso. O brasileiro tem mais três peças na exposição.

Por mais certo que ele esteja, a bandeira recebeu inúmeras críticas. O português Bruno Felipe Costa, do partido conservador CDS-PP, foi às redes sociais para dizer que considera a obra do brasileiro “uma vergonha e uma ofensa a Portugal e à sua história”.

Um professor de Direito da Universidade de Lisboa, também pelas redes, escreveu que o MAAT “exibe exposições de lixo ideológico da extrema esquerda mais odiosa e rasca que são um insulto para Portugal”. Além disso, pediu que as pessoas boicotem o museu de arte.

Outra peça de ROD também aborda o tema colonização, muito delicado entre os portugueses. Um vídeo mostra a implosão do Padrão dos Descobrimentos, monumento em Lisboa, que celebra personagens históricos da expansão marítima portuguesa.

ROD esperava reação ofensiva dos portugueses
O artista disse que não se surpreendeu com a reação portuguesa. Ele declarou que a própria presença da obra na exposição, que foi uma sugestão sua, precisou receber o sinal verde da direção do MAAT.

“O que eu achei interessante é que a proposta partiu de mim e teve esse momento de debate interno, de preocupação como o museu se posicionaria. Seria da parte do museu uma afirmação política acolher aquela peça dentro daquele espaço”, acrescentou o artista.

Fonte: Revista Fórum, por Lucas Vasques

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