Você passa a vida toda trabalhando e, quando se aposenta, encara um dilema: o que fazer com o tempo livre? Algumas pessoas resolvem simplesmente não fazer nada e assumir o estereótipo do aposentado que passa o dia no sofá. Mas não precisa ser assim. Aliás, para o aposentado Armelino Giradi, não deve ser assim.
“A pessoa acha que, quando se aposenta, tudo termina. Eu prefiro dizer que a vida tem dois tempos, assim como uma partida de futebol. Se o primeiro tem 45 minutos, o segundo também deve ter 45”, afirma ele que, há cinco anos, criou o Clube dos Desaposentados, um espaço para os aposentados interagirem e desenvolverem novos interesses.
“É importante ver a aposentadoria como uma oportunidade. O clube reúne aposentados que ocupam a mente e o coração com algo que dá prazer. O que não dá é ficar parado. É preciso ter atividades, ter sonhos”, explica Giradi, “desaposentado” há 12 anos. O Clube tem hoje 5 mil filiados, gente interessada em manter a aprendizagem contínua e trocar experiências sobre essa nova fase da vida. “Muito aposentado se isola, especialmente os que viviam apenas no ambiente de trabalho”, revela.
Para a geriatra Gisele dos Santos, manter alguma atividade é fundamental, para manter também a saúde. “Quando a pessoa se aposenta e não tem objetivos de vida, acaba se isolando, o que gera redução, tanto da atividade física quanto do estímulo psicossocial”, explica.
Com o tempo, a diminuição da atividade física e mental aumenta o risco de várias doenças, mas o principal dano causado é psicológico. “Hoje, quando nos aposentamos, não estamos perto do fim das nossas vidas. E ficar 20 anos esperando pela morte, não dá!”, diz Gisele. Segundo ela, a falta de vida social pode ocasionar diversos transtornos do humor, como por exemplo a depressão. “A pessoa acha que não tem mais valor, que não serve para mais nada. Também prejudica a memória.” Nesses casos, o acompanhamento médico e psicológico é fundamental, mas o remédio pode ser mais simples do que parece: manter-se ativo.
Vida nova
Foi o que fez Geraldina Galléas. Ela resolveu aproveitar o tempo livre para fazer cursos, aprender coisas novas, e acabou descobrindo um talento. Aos 82 anos, tornou-se uma premiada pintora. Detalhe: Geraldina começou a pintar aos 62.
Dona de casa, cinco filhos, 11 netos, a pintura surgiu como um passatempo. Experiente, ela sabe que uma nova ocupação pode trazer fôlego novo à vida de quem se aposenta. “A gente fica mais jovem, não envelhece. Se ficar pensando na idade, em doenças, a gente vegeta”, revela. Alegre, falante e extremamente ativa, Geraldina é um exemplo de que o tempo pode ser um aliado. Se a vida é mesmo um jogo, que ela jogue a nosso favor".
Fonte: Gazeta do Povo