Corte de água potável, omelete cru, pedras no feijão e, agora, larva na comida. Cada uma das empresas terceirizadas que assume o serviço de alimentação na Refinaria de Paulínia (Replan) – a maior do país e do Sistema Petrobras – tem se superado no descaso aos trabalhadores.
Desta vez, na última sexta-feira (1º), o Grupo Savvy serviu salada com larvas aos operários da unidade. Além disso, no mesmo dia, formou-se uma longa fila na entrada do refeitório, o que impediu alguns trabalhadores de almoçarem.
A reportagem do Sindicato Unificado dos Petroleiros do Estado de São Paulo (Sindipetro-SP) também recebeu a denúncia de que alguns trabalhadores da ELFE, empresa terceirizada do setor de elétrica e instrumentalização, foram dispensados no último dia 4 antes do término do expediente por terem ficado sem almoço.
“Mesmo com as recorrentes denúncias, formalização e cobrança por parte do sindicato, os casos seguem acontecendo sem a gestão da Replan tomar uma atitude. Apenas informam que estão acompanhando [os casos] e possíveis multas contratuais poderão ser aplicadas, mas o que isso resolve no dia a dia do trabalhador?”, indaga o diretor do Sindipetro-SP, Jorge Nascimento.
Além de enviar ofício à gerência da unidade, o sindicato realizou um ato no dia 25 de março e outro no dia 29 de março, este último em parceria com o Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias da Construção e do Mobiliário de Campinas e Região (Sinticom).
Contrato
O contrato da Petrobras com o Grupo Savvy foi assinado no dia 23 de dezembro do ano passado, mas a saída da antiga prestadora de serviço, a Elasa, ocorreu apenas no dia 25 de janeiro deste ano. No dia seguinte, 26 de janeiro, os trabalhadores da unidade ficaram sem água potável e enfrentaram longas filas no refeitório.
Apesar da fiscalização da Replan sugerir a manutenção dos trabalhadores da Elasa, o Grupo Savvy informou a substituição integral da equipe de funcionários. Com isso, 115 pessoas foram demitidas no final de janeiro.
O novo contrato firmado com o Grupo Savvy é de R$ 29,99 milhões, válido pelo prazo de 730 dias contados a partir da sua assinatura. Com isso, a empresa recebe em média R$ 41 mil por dia para oferecer comida de qualidade para os petroleiros próprios e terceirizados da refinaria.
A variedade da alimentação inclui quatro tipos de salada e um tipo de sopa como entrada, arroz, feijão, dois tipos de guarnições, dois tipos de proteína, dois tipos de fruta e uma sobremesa, além de dois sabores de suco e água mineral.
Histórico
Em 2020, petroleiros das refinarias de Paulínia (Replan), Capuava (Recap) e dos terminais da Transpetro criticaram a postura do Sistema Petrobrás perante o serviço de alimentação contratado, que servia alimentos de qualidade duvidosa e em pouca quantidade.
Já em maio do ano passado, a Mérito – empresa terceirizada de vigilância que opera em unidades da Petrobrás e da sua subsidiária, a Transpetro – rompeu seus contratos sem acertar os direitos trabalhistas dos seus funcionários.
Na época, foram deixados como passivos o salário de maio, o vale refeição de abril e maio, as férias proporcionais, 13º proporcional e multa do FGTS. A empresa ainda se negou a entregar o termo de rescisão.
Além disso, esse sumiço ocasionou um vácuo de vigilância por alguns dias nas unidades que eram atendidas por essa prestadora de serviço, o que gerou um déficit de segurança.
Por Guilherme Weimann, Sindipetro-SP