Às vésperas do primeiro turno, visando angariar os votos dos eleitores de Lula (PT), Romeu Zema (Novo) chegou a declarar que nunca fez campanha para Jair Bolsonaro (PL) e que não havia apoio selado entre os dois. No entanto, neste novo momento do pleito, o reeleito governador mineiro se tornou a referência para a campanha do atual presidente.
Enquanto cumpre suas atividades como principal cabo eleitoral de Bolsonaro em Minas Gerais, nos últimos 15 dias, Romeu Zema também teve agendas com o governo federal. No último dia 11, o executivo mineiro se reuniu com o ministro do Meio Ambiente, Joaquim Leite, para formalizar o repasse de R$ 150 milhões a sete parques ambientais. O recurso é oriundo de uma multa aplicada pelo Ibama à mineradora Vale em decorrência do crime em Brumadinho.
Em 2020, um acordo entre os governos federal, estadual e a mineradora converteu a penalidade em investimentos em parques ambientais no estado. A decisão é questionada pelo Ministério Público Federal de Minas Gerais e criticada por movimentos sociais ligados à defesa ambiental. Para o setor, a punição foi transformada em uma recompensa para a mineradora, que terá acesso a locais estratégicos, antes não acessados por ela.
“No Parque da Gandarela, a Vale tem um grande projeto com expectativa de exploração de 40 milhões de toneladas por ano. Durante muito tempo, a população tem conseguido barrar o avanço desse projeto, mas esse acordo coloca tudo em risco”, declarou na época Luiz Paulo Siqueira, do Movimento pela Soberania Popular na Mineração (MAM), em entrevista ao Brasil de Fato MG.
As reservas em questão são os parques nacionais da Serra da Gandarela, da Serra do Cipó, da Serra da Canastra, do Caparaó, Grande Sertão Veredas, Cavernas do Peruaçu e Parque Nacional das Sempre-Vivas.
Segundo o governo, o montante de R$ 150 milhões será gasto com a construção de trilhas, aquisição de veículos, computadores, kits de energia solar e sistemas de comunicação. Toda a aplicação e gestão dos recursos será feita pela própria mineradora.
Privatização das BRs 381 e 262
Em outra reunião com o governo federal, dessa vez com o Ministério de Infraestrutura no dia 10 de outubro, Romeu Zema recebeu a afirmativa da destinação de R$ 5,4 bilhões ao estado.
O recurso será destinado, segundo o próprio governo, para a duplicação e revitalização das rodovias federais BR-381 – que liga Belo Horizonte a Governador Valadares – e BR-262 – no trecho entre Betim e Uberaba. Os leilões de licitação para privatização das vias estão previstos para dezembro deste ano.
Venda dos parques do Ibitipoca e Itacolomi
Na terça-feira (18), o Instituto Estadual de Florestas publicou o edital de privatização dos parques estaduais Ibitipoca, na Zona da Mata, e Itacolomi, na região Central do estado.
O certame concede os patrimônios à iniciativa privada por um prazo de 30 anos, e o leilão de privatização está previsto para 15 de dezembro. Além desses, Zema também pretende entregar outros 20 parques estaduais à iniciativa privada. O governo mineiro é criticado por ambientalistas por não criar nenhuma reserva ambiental durante toda sua gestão.
Comunicação pública ou comunicação do governo?
Na segunda-feira (3), logo após o primeiro turno, foi divulgado no perfil oficial da Rádio Inconfidência no Instagram um post de propaganda do governo. A emissora é de caráter público, ou seja, não se trata de um veículo governamental.
A publicação, que também foi veiculada em perfis de secretarias do Executivo, ressaltava o governo de Romeu Zema e comemorava a vitória da reeleição. Após questionamento do Sindicato dos Jornalistas Profissionais de Minas Gerais, o post foi excluído da conta, o governo também informou ao sindicato que a publicação foi um engano.
Fonte: BdF Minas Gerais, por Amélia Gomes