Quando foi agraciado pela homenagem pelos 30 anos de serviços prestados à Cemig, na terça-feira (14), o eletricitário José Ilson da Silveira, de Formiga (região Oeste de Minas Gerais), não imaginava que dois dias depois seria tomado de assalto por uma demissão totalmente arbitrária.
Após dedicar 31 anos de sua vida à Companhia Energética de Minas Gerais, Ilson foi descartado de surpresa na quinta-feira (16), após ser enviado para a cidade de Passos sem saber do que se tratava. “Saí para trabalhar em outra localidade e mandaram a gente voltar. Perguntaram se eu poderia ir para outra cidade e eu disse que sim, pois estava a serviço da empresa. Mas não disseram sobre o que era”, relembra.
O trabalhador explica que chegou e foi encaminhado a uma sala onde outro funcionário lhe comunicou a demissão. “O técnico falou umas palavras, disse que eu me enquadrava nos anos de contribuição e também na idade. Falou que, assinando a carta ou não, eu não fazia mais parte da empresa”, explica.
Ilson conta que havia escutado boatos sobre demissões na quarta-feira, mas em virtude dos anos de casa, não imaginava que seria ele. Relata, também, que ficou surpreso ao ser demitido de um dia para o outro, sem nenhum aviso, ainda no calor da homenagem recebida.
O trabalhador contribuía com o INSS há 35 anos. Planejando se aposentar apenas no próximo ano, ele teve que adiantar: “Cheguei em casa e avisei minha mulher que não tenho mais emprego. Ia me aposentar em 2017, nunca quis ficar no lugar de quem precisa trabalhar, principalmente nesse momento difícil para arranjar emprego. Agora, será mais cedo”.
Demissões não foram negociadas com Sindieletro
Por se tratar de demissão em massa, a negociação prévia com o sindicato é obrigatória, porém, a Cemig não comunicou suas intenções e não deu chance para que o Sindieletro pudesse buscar alternativas.
As demissões, discriminatórias por si ao descartar trabalhadores com mais de 55 anos, também representam a quebra de compromisso do presidente Mauro Borges que, no início da sua gestão, se comprometeu a não demitir mais nenhum trabalhador da casa.
Falta de ética prejudica saúde do trabalhador
José Ilson é mais um trabalhador demitido de forma perversa pela Cemig; muitos eletricitários também receberam a notícia ao chegar à empresa para iniciar a jornada diária. Segundo o Departamento de Saúde do Trabalhador do Sindieletro, o trabalho é crucial para o desenvolvimento do cidadão e de seus círculos sociais e para a construção da identidade. Demissões repentinas interrompem a lógica de associação entre saúde e identidade, pois o trabalhador perde uma de suas principais referências de interação social.