No XXV Encontro Anual da Cemig com o Mercado de Capitais, o diretor de Finanças e Relações com Investidores da Cemig, Leonardo George de Magalhães, mostrou a que veio. Durante sua fala, transmitiu sua satisfação em relação ao Programa de Desligamento Voluntário (PDV) executado neste ano em meio a uma pandemia, uma crise sanitária e econômica jamais vista no Brasil e no mundo. Ele comemorou a economia de R$90 milhões para a Companhia.
Com a perspectiva do "deus Mercado", Magalhães enfatizou os números da redução de despesas com pessoal como uma verdadeira vitória. Porém, para os trabalhadores a quem o Mercado insiste em chamar de colaboradores, essa é mais uma péssima notícia.
A redução de despesas significa menos postos de trabalho de boa qualidade na Cemig. Também significa o aumento da carga de trabalho para os que ficaram e já estavam sobrecarregados, uma vez que essa política do PDV ocorre há alguns anos – ela faz parte da estratégia de saneamento para a entrega da empresa à iniciativa privada.
O diretor também deixou claro que não haverá concurso público para preenchimento de vagas tão cedo. Os cidadãos mineiros precisam saber que a direção da Cemig age na contramão de seu próprio discurso. A gestão atual divulga melhorias na prestação de serviços à população, mas sua política agressiva de redução do quadro próprio traz outros resultados.
Quando o governador privatista Romeu Zema fala sobre a Cemig, insiste em depreciá-la, dizendo até mesmo que seus amigos empresários reclamam dos serviços. Mas para supostamente melhorar a situação, ele resolve reduzir o quadro sem contratar nem treinar os trabalhadores que ficaram? Qual é o sentido disso?
Está claro que o presidente da Cemig, Reynaldo Passanezi, e o diretor de Finanças estão executando muito bem a tarefa que lhes foi delegada pelo governador: facilitar e encaminhar a privatização da companhia. Além dos Programas de Desligamento ao longo dos anos, também há o ataque ao pós-emprego, um conjunto de benefícios conquistados a duras penas pela categoria durante décadas. Foi afirmado que a gestão se debruçará sobre o plano de saúde e de previdência.
Os trabalhadores da Cemig são extraordinários defensores dessa empresa. A enxergam como ela é: uma prestadora de serviços públicos de boa qualidade para toda a população. Uma empresa que tem função social, não visa apenas o lucro.
Esses trabalhadores já abriram mão de reajustes salariais em outros tempos, quando foi comprovada a dificuldade financeira pela qual passava a companhia naquele momento. Durante a pandemia, se esforçam ao máximo para prestar bons serviços, mesmo com a ameaça da doença e os impactos sociais, psicológicos e econômicos com os quais têm que lidar.
O Sindieletro é contra essa gestão da Cemig. Não achamos que essa é a forma de conduzir uma empresa pública: penalizando os trabalhadores e os cidadãos mineiros em benefício dos amigos do rei.