Após acidente grave em Araguari, eletricitário luta pela vida



Após acidente grave em Araguari, eletricitário luta pela vida

O eletricista da empreiteira Celminas, Edmilson Andrade, 40 anos, sofreu grave acidente no último dia 27. O trabalhador, que é casado, pai de uma filha e tem um enteado, levou uma descarga elétrica quando fazia a manutenção de rede na área rural de Araguari. Ele caiu do poste e sofreu queimaduras, sendo as mais graves nas pernas, na mão direita, no braço esquerdo e entre o ombro e o pescoço. O trabalhador está em tratamento no Hospital Universitário de Uberlândia e corre risco.

O Sindieletro denuncia mais uma vez a combinação perigosa entre omissão, trabalho em condição precária e a eletricidade, colocando em risco, principalmente, eletricistas de empreiteiras. No caso de Edmilson, eletricitários da Cemig e da Celminas já haviam alertado supervisores para a insuficiência de treinamento dele e do outro trabalhador que o acompanhava.

O que nos indigna mais é que, mesmo após serem suspensos, os dois voltaram a trabalhar juntos sem serem treinados e avaliados novamente. Devido à falta de pessoal e a necessidade de produzir a qualquer custo, o trabalhador só deixa de atuar na Cemig se for mutilado ou morto. Também fazemos um alerta: será que a Cemig não sabia que os trabalhadores haviam voltado ao trabalho sem condições? A omissão também mata e mutila.

Para o Sindieletro, Edmilson, que estava há quase dois anos na empreiteira, não é vítima da fatalidade, mas da forma violenta como a Cemig permite e expõe trabalhadores ao contato com a rede, sem treinamento e conhecimento. Há denúncia que o resultado das inspeções e fiscalizações que a Cemig faz são alterados para evitar penalidades para as empreiteiras infratoras e reincidentes, pois o flagrante desrespeito às normas de segurança e ao contrato entre as partes causaria a suspensão e, por fim, o descredenciamento das contratadas.

Irresponsabilidade da Cemig

O Sindieletro exige uma postura responsável da Cemig em relação à segurança dos trabalhadores. É inaceitável a postura da empresa como ocorreu em relação ao eletricista da Eletro Santa Clara, Lúcio Nery de Souza, acidentado em 11 de abril, próximo à Patrocínio.

Apesar da gravidade do acidente, que levou à amputação de dois antebraços e da perna esquerda do eletricista, e dos pedidos de investigação feitos por eletricitários da Cemig, há informação de que a empresa tentou proteger a Santa Clara. A Companhia não ouviu a versão do trabalhador acidentado, não aprofundou a investigação para verificar irregularidades administrativas, organizacionais, contratuais e legais, demonstrando total desrespeito à saúde e segurança, atitude que tem levado à repetida mutilação de trabalhadores.

Ministério Público investiga terceirização

A Cemig tenta lavar as mãos, mas terá que prestar contas ao Ministério Público do Trabalho que abriu inquérito para apurar as circunstâncias do acidente com Lúcio e as condições de trabalho nas empreiteiras da região. Nesta terça-feira, 2, a Eletro Santa Clara, a Cemig e o Sindieletro participam de audiência. Além de dar explicações sobre as medidas em relação ao acidente, a Cemig terá que apresentar cópia de todos os contratos de prestação de serviços com empreiteiras da região.

Diante desses fatos, o Sindieletro pergunta: A reincidência de falhas e acidentes graves não deveria resultar em suspensão de contrato e até no descredenciamento de empreiteiras, conforme estabelecido em contrato? O Sindicato questiona também: as subnotificações de acidente e, em alguns casos, as modificações de relatórios de inspeção e acidentes acontecem por incompetência técnica e administrativa dos gestores dos contratos ou pela falta de transparência das relações dos gestores com as empreiteiras?

Para o Sindicato é condenável a forma como os gestores da Cemig se relacionam com as prestadoras de serviço. Por fim o Sindieletro pergunta: Quanto custa a mutilação e a vida dos trabalhadores das empresas terceirizadas? Até quando teremos que conviver a violência no trabalho?

item-0
item-1
item-2
item-3