Cerca de 4 milhões de pessoas ficaram sem energia durante a rigorosa nevasca que atingiu o estado do Texas neste mês, nos Estados Unidos, enquanto as discussões técnicas apontam a privatização do setor como uma das causas do apagão.
Além de um sistema sem interligação, que termina em si mesmo, as matrizes energéticas revelaram-se falhas em momentos críticos. Segundo os especialistas, isso se deu graças em parte à desregulamentação aprovada no início dos anos 2000.
Há 20 anos, todo o sistema de produção e eletricidade do Texas foi destruído sem muitas atualizações ou manutenção necessárias, pois investir em capacidade de backup ou um sistema de distribuição robusto teria corroído os lucros (e as regras de preços tornam arriscado investir em capacidade extra).
“A rede ERCOT entrou em colapso exatamente da mesma maneira que a antiga União Soviética”, disse o analista de energia Ed Hirs ao Houston Chronicle. “Ele mancou com o subinvestimento e a negligência até que finalmente quebrou em circunstâncias previsíveis.”
(O Texas não foi o único estado que barateou sua infraestrutura de energia. Outros estados dos EUA também podem ficar no escuro em um futuro próximo.)
Esse problema é agravado pelo fato de que a ERCOT (Conselho de Confiabilidade Elétrica do Texas) está amplamente desconectada dos estados vizinhos. Está inteiramente contido no Texas (embora algumas regiões remotas façam parte de outros sistemas de grade), porque o estado queria evitar a regulamentação federal durante o New Deal. Onde outros estados podem e compram grandes quantidades de energia dos vizinhos quando ocorre um desastre, no Texas isso é difícil porque há apenas algumas conexões com outros estados e o México.
Portanto, o Texas e o resto dos Estados Unidos estão em uma situação difícil.
A intenção de reduzir o uso de combustíveis fósseis para evitar danos catastróficos à sociedade humana, incluindo desastres climáticos que prejudicam os serviços básicos, esbarra na falta de uma política energética inteligente. Adicionar muitas novas energias renováveis à rede exigirá grandes atualizações.
Embora não seja verdade que a energia eólica tenha causado esse apagão em particular, é verdade que a energia renovável semi-errática pode causar problemas para as redes tradicionais – que, como vemos hoje, já são vulneráveis.
David Roberts, em seu boletim informativo Volts, escreve que a solução é conectar todo o país – e os países vizinhos também, idealmente – em uma rede grande, robusta e moderna para que a energia com zero de carbono possa ser enviada de qualquer lugar para qualquer lugar conforme necessário.
O primeiro vilão encontrado no Texas foi a desregulamentação, isto é, a privatização do setor energético.
Que tal o Brasil tomar mais esse apagão, agora nos EUA, como mau exemplo da venda das estatais de energia? No início dos anos 2000, na Califórnia, também houve um apagão durante um calor infernal.
Em novembro último, no Amapá, um apagão humilhou o presidente Jair Bolsonaro e o então presidente do Congresso, Davi Alcolumbre, a ponto de seu irmão ser derrotado na disputa pela prefeitura de Macapá.
Fonte: Blog do Esmael /Com informações da The Week