Apagão em SP: população critica a privatização



Apagão em SP: população critica a privatização

 

O descaso da concessionária Enel no atendimento aos mais de 1 milhão de consumidores após mais de 60 horas sem energia elétrica na capital despertaram críticas à privatização de serviços essenciais e a seus defensores, ao governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) e ao prefeito paulistano Ricardo Nunes (MDB), em campanha pela venda da Sabesp. O apagão que começou após a forte chuva da sexta-feira (3) ainda afeta grande parte da Vila Prudente, Aricanduva, Penha, Vila Alpina, Santo Amaro, Campo Limpo, Guarapiranga, além de Osasco, Santo André e Carapicuíba, entre outros pontos.

Ainda há árvores caídas em diversos bairros, assim como placas retorcidas em calçadas, entre outros estragos. Moradores relatam também o esforço de subir e descer até 20 andares devido a falta de geradores. E quando há esses equipamentos, falta o acesso a óleo diesel para fazê-los funcionar.

Sem elevador e com comida estragando

Com serviço de atendimento ao consumidor desligado desde a noite de sexta, a Enel deixa paulistas indignados. Tanto com o desencontro de informações como também pela perda de alimentos nas geladeiras. “Estou indignada porque desde sexta não consigo tomar banho quente, alimentos na geladeira já começam a estragar. E também por ter de subir e descer 18 andares pelas escadas, sem iluminação de emergência ou bateria no celular, já que meu prédio está sem elevador funcionando”, diz a bancária Gabriela Capo de Rosa, da Vila Prudente.

“Esse episódio é representativo dos efeitos da privatização de serviços essenciais, com empresas preocupadas apenas com o lucro. Empresas como a Enel não fazem investimentos, deixam tudo sucatear, estão despreparadas para enfrentar situações assim, abandonam os consumidores e o governador e o prefeito lavam as mãos”, disse.

Enel teve sede incendiada no Chile

A concessionária afirma que as regiões mais afetadas foram as zonas sul e oeste, embora haja relatos de falta de energia nas zonas leste e norte. Há ainda 1 milhão de endereços sem luz na cidade. A previsão é que o fornecimento de energia seja restabelecido até esta terça.

De origem italiana, a Enel teve sua sede incendiada em 20 de outubro de 2019, durante protestos no Chile. Manifestantes atearam fogo no prédio na capital Santiago contra os aumentos na tarifa de energia elétrica superiores a 15% naquele ano, apesar da má qualidade do serviço oferecido.

O governador Tarcísio de Freitas lamentou as seis mortes causadas pela tempestade, que descrevendo-o como extremo, e elogiou os esforços da Defesa Civil, dos Bombeiros e da Sabesp na restauração do fornecimento de água em áreas afetadas pelos cortes de energia.

Autoridades se omitem e responsabilizam o clima

O prefeito Ricardo Nunes visitou o Centro de Operações da Enel no sábado (4) e mencionou que São Paulo não enfrentava rajadas de vento como as que atingiram a cidade, conforme dados do CGE (Centro de Gerenciamento de Emergências) da prefeitura. O prefeito relatou que 1.470 funcionários foram mobilizados para lidar com o corte e a poda de árvores, e 1.900 estão envolvidos em operações de limpeza.

No sábado (4), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) determinou o fornecimento de energia para não prejudicar os alunos que fazem o Enem em São Paulo no domingo. Após conversar com representantes da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), os ministros de Minas e Energia, Alexandre Silveira, e da Educação, Camilo Santana, garantiram que haverá fornecimento de energia elétrica nos locais de prova.

Por Cida de Oliveira, da RBA

 

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