Apagão em São Paulo serve de alerta contra privatizações de Tarcísio



Apagão em São Paulo serve de alerta contra privatizações de Tarcísio

O apagão que afetou mais de 2 milhões de pessoas na região metropolitana de São Paulo durante o feriado vem colocando em xeque as privatizações dos serviços públicos no estado. Cerca de 400 mil imóveis ainda seguem sem luz, três dias depois das fortes chuvas que atingiram o estado. Ainda assim, o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) voltou a defender a venda da Sabesp. Ele afirmou nesta segunda-feira (6) que cláusulas contratuais mais rígidas garantiriam a qualidade dos serviços. Além da Sabesp, o governo pretende privatizar todas as linhas do Metrô e da CPTM.

A apagão e os planos de privatização de Tarcísio foram o tema de uma live promovida pelo Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região (SPBancários). O programa, transmitido também pela TVT, contou com a participação da presidenta do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região, Neiva Ribeiro, do presidente da CUT-SP, Raimundo Suzart, a vice-presidenta da CUT-SP, Ivone Silva, e o deputado estadual Luiz Cláudio Marcolino (PT).

Todos eles criticaram o modelo de privatização, que acarreta em aumento das tarifas e piora na qualidade dos serviços. A receita é mais ou menos a mesma. Na busca pelo lucro, as empresas privadas que controlam concessões públicas costumam cortar postos de trabalho, reduzir salários e apostar na terceirização dos serviços.

“Tem pessoas que estão há mais de 60 horas sem luz. Muita gente perdeu o que estava dentro da geladeira. Teve gente que usa respirador que foi prejudicada. Muita gente em situação precária, porque a Enel não conseguiu dar conta de fazer a manutenção dos serviços”, afirmou Neiva.

Marcolino destacou que a Enel reduziu em 36% o número de funcionários, desde que assumiu o comando da antiga Eletropaulo. Por outro lado, ele destacou que a multinacional italiana anunciou que vai concentrar 75% dos seus investimentos no continente europeu.

CPI da Enel

Desde maio, a Enel é alvo de uma CPI na Assembleia Legislativa de São Paulo. Marcolino apresentou hoje um requerimento para que a concessionária não apenas arque com o ressarcimento, mas também pague uma indenização coletiva aos consumidores afetados pelo apagão dos últimos dias. O presidente da Enel também foi chamado a prestar esclarecimentos à comissão. Conforme o parlamentar, são medidas para que a empresa possa perceber que não vem prestando os serviços adequadamente. Ele chegou a defender, inclusive, a não renovação do contrato de concessão dos serviços com a empresa.

“A Via Mobilidade assumiu o Metrô e a CPTM, e está um caos nos sistemas de transporte. A Enel assumiu a Eletropaulo e tem criado problemas atrás de problemas, em toda a Grande São Paulo. E agora o governador quer privatizar a Sabesp, que é um patrimônio importante para o estado. Nosso papel é fazer de tudo para reverter a privatização da Enel, voltando a ser uma empresa pública, e não deixar privatizar a Sabesp”.

Nesse sentido, Neiva, Ivone e Marcolino comemoraram a liminar expedida pela Justiça de São Paulo que suspendeu a audiência pública sobre a privatização da Sabesp que seria realizada nesta segunda-feira. Eles são os autores da ação civil pública que contestava o prazo exíguo para a realização da audiência.

“Foi importante, porque a população passa a perceber que tem um processo de privatização. Era um debate muito interno dentro da Assembleia Legislativa. Depois da liminar, a sociedade está prestando a atenção na privatização da sabesp, que estava sendo feita de afogadilho, às escondidas. Agora a população sabe que Tarcísio quer privatizar a Sabesp”, afirmou Marcolino.

Plebiscito popular

O presidente da CUT-SP disse que as subsedes da central começaram a receber as urnas do Plebiscito Popular sobre as privatizações de Tarcísio. Assim, a apuração dos votos deve começar já nesta terça-feira (7). “Não tenho dúvidas, o povo de São Paulo vai barrar a privatização dessas três empresas tão importantes”.

“A gente tem visto que as empresas assumem um patrimônio do povo de São Paulo e depois não tem nenhum tipo de compromisso. Remetem 100% dos lucros para os seus países de origem, e sem nenhum investimento. Quando investem, vão atrás dos bancos públicos para financiamento. É totalmente contraditório”.

Ivone ainda criticou o prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB), por apoiar, de antemão, a proposta de Tarcísio sobre a venda da Sabesp. Nesse sentido, ela elogiou a iniciativa do vereador Hélio Rodrigues (PT-SP), que protocolou um projeto para criação de uma empresa pública municipal de saneamento, que substituiria a Sabesp na capital. “Tem vários vereadores e prefeitos fazendo essa luta contra a privatização da Sabesp, porque eles sabem como vai ficar em seus municípios, completamente largados, como aconteceu agora com a Enel”.

Fonte: RBA

 

 

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