Em carta enviada à casa dos 340 funcionários da unidade de Itabuna, na Bahia, a Nestlé, uma das maiores multinacionais do setor alimentício e patrocinadora da Copa do Mundo, ameaça a quem não aceitar abrir mão de direitos e melhorias salariais, numa flagrante violação à lei e às normas internacionais do trabalho.
No seu comunicado, a empresa coage os funcionários a realizarem uma assembleia para aprovar a sua proposta. Os trabalhadores reivindicam piso salarial único para todas as unidades e reajuste salarial de 9%, mas a multinacional oferece 7,5%, um aumento real somente de 0,5%.
A Confederação Nacional dos Trabalhadores nas Indústrias da Alimentação (Contac/CUT) denunciou o “crime antissindical da Nestlé” e alerta que, caso a empresa persista neste descaminho, fará uma denúncia formal à Organização Internacional do Trabalho (OIT) ao lado da Confederação Sindical Internacional (CSI). “Confiando na impunidade, a multinacional está agindo com prepotência, jogando o terror sobre os trabalhadores e suas famílias”, condenou Siderlei de Oliveira, presidente da Contac/CUT.
Conforme Eduardo Sodré, dirigente do SindiAlimentação de Itabuna, a diferenciação de piso salarial nas diversas unidades revoltou os trabalhadores: o piso para funcionários da Nestlé na Bahia é de R$ 1.075,00, contra R$ 1.100 de Minas Gerais e R$ 1.240 de São Paulo. Segundo o Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Socioeconômicos (Dieese), o salário mínimo necessário em maio era de R$ 3.079,31.