Amazônia brasileira: conheça 9 mulheres que fazem a diferença



Amazônia brasileira: conheça 9 mulheres que fazem a diferença

POR NINJA

Na última semana de julho aconteceu a 10ª edição do Fórum Social Pan-Amazônico (FOSPA), na Universidade Federal do Pará, em Belém. Circularam milhares de pessoas dos nove países que compõem a Amazônia, diversas mulheres que estão à frente da luta em defesa dos territórios. Da Guiana Francesa à Bolívia, cada vez mais elas são reconhecidas pelo seu papel de liderança, de proteção e cuidado com suas comunidades e com o território.

Trouxemos 9 mulheres da Amazônia brasileira que são lideranças e protetoras e colocam seus corpos em defesa da floresta e de seus povos, conheça!

1 – Maria Nice Machado

maria-nice-machado.jpg

Esta mulher quilombola pertencente ao quilombo Bairro Novo, em Penalva, no Maranhão, perdeu dois filhos na luta em defesa do território. Eles foram assassinados. Hoje, lidera uma das associações quilombolas de seu território. Preparada para a marcha de abertura do Fórum Social Pan-Amazônico, disse que não poderia faltar ao FOSPA. “O evento é de grande importância para nos unirmos em luta contra os desmontes ambientais que a Amazônia vem sofrendo, acredito que este fórum representa este espaço geográfico, pois somos o povo e somos o espaço. Por isto estamos reunidos para apresentar nossa forma de transformar e salvar este espaço”

2 – Zélia Amador de Deus

zelia-amador-de-deus.jpg

A primeira reitora negra de uma universidade brasileira, Zélia é força, potência, e ouvi-la falar é sempre uma lição carregada de emoções. Professora, pesquisadora, artista e militante negra e feminista, ela ressalta as várias Amazônias, e as diversidades que vão além do bioma. Ela, que nasceu na Ilha de Marajó, no Pará, é considerada uma das grandes pensadoras negras da atualidade, graduada em Letras pela Universidade Federal do Pará (UFPA), mestra em Estudos Literários pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e doutora em Ciências Sociais pela UFPA, e uma pioneira. Premiada com o Prêmio de Direitos Humanos da BrazilFoundation, em Nova York, ela segue em luta pelas Amazônias e contra a invisibilidade da região.

3 – Tuíra Kopenawa Yanomami

tuira-k.jpg

Tuíra cresceu acompanhando a luta de seu pai, o xamã Davi Kopenawa Yanomami, e aos 29 anos estava presente no FOSPA, fazendo denúncia no II Tribunal Ético de Justiça e de Direitos das Mulheres Andinas e Panamazônicas sobre a invasão de garimpeiros na Terra Indígena Yanomami e suas consequências, as violências principalmente com as mulheres, que sofrem diversas violências. Ela faz parte da Hutukara Associação Yanomami, organização indígena de seu povo.

4 – Mametu Nangetú

mametu-t..jpg

Mametu é uma das lideranças de religião de matriz africana na Amazônia, particularmente, em Belém (PA) e membra fundadora do Comitê inter-religioso do estado. Logo, sua luta se materializa em diversos espaços por diversidade religiosa no Brasil. “Para nós filhos de terreiro o Fospa representa a esperança de que o mundo é a Amazônia, e que os direitos humanos sejam respeitados, pois vemos o povo em busca da cultura da paz, da diversidade religiosa”.

5 – Osvalinda Marcelino Alves Pereira

osvalina-marcelino.jpg

Osvalinda vive na comunidade de Areias II, em Trairão, no Pará, e fundou a Associação de Mulheres da comunidade. É perseguida por sua atuação como agroextrativista junto a seu marido, Daniel Pereira, a ponto de terem covas cavadas com cruzes com seus nomes cavadas no quintal de sua casa. Ela, junto à Daniel, é liderança da área destinada à reforma agrária onde vivem, que é disputado por madeireiros e fazendeiros. No Projeto de Assentamento Areias, há 24 anos quase 300 famílias produzem de forma sustentável, sem agrotóxicos, As ameaças à sua vida são constantes, porém o Poder Público não atua de forma eficiente na proteção de suas vidas. “Pobre só merece morte” foi o que ouviu na sala de sua casa de um grupo de fazendeiros e pistoleiros, mas ela e Daniel seguem na luta em defesa de suas vidas e seu território.

6 – Auricela Arapiun

auricelia.jpg

Atual coordenadora do Conselho Indígena Tapajós-Arapiuns, Auricelia é uma mulher de uma grande representatividade dentro do cenário nacional no âmbito indígena. Ela é uma das brasileiras que esteve no Tribunal dos Povos, em maio deste ano, em São Paulo. Ela é incansável em denunciar as ameaças e conflitos que são vítimas os povos indígenas do Baixo Tapajós. “O Fospa é uma oportunidade de discussão e junção de forças e resistência em defesa da Amazônia, dos territórios e dos rios, logo fico feliz em ver a diversidade que este espaço detém”

7 – Neidinha Suruí

 neidinha-surui.jpg

Ivaneide Bandeira Cardoso, a Neidinha Suruí é uma indigenista e defensora ambiental, que desde jovem atua em defesa dos povos indígenas em Rondônia, e também na defesa da floresta. Filha de um extrativista do Acre, Neidinho cresceu no seringal, aprendeu a ler em livros e revistas e hoje é formada em história, mestra em geografia e doutoranda em geografia na Universidade Federal de Rondônia (UFRO). Foi casada com o cacique geral do povo Paiter Suruí, Almir Suruí, e é mãe de Txai Suruí, ativista indígena e única brasileira a discursar na abertura da COP26 em Glasgow, em 2021. Desde a infância é engajada com a luta, na década de 80 passou a ter contato com os Paiter Suruí e Uru-Eu-Wau-Wau. Ela morava em frente a Funai, e começou a conviver com os indígenas que iam na Fundação, e passou a atuar na Funai trabalhando com indígenas isolados. Foi então que começou a lidar com ameaças de madeireiros ilegais, grileiros, garimpeiros, e invasores de Unidades de Conservação e territórios indígenas. Após um grupo de indigenistas servidores da Funai e a ONG onde Neidinha atuava denunciar corrupção na entidade, os servidores foram exonerados, e a ONG demitida. Então surgiu a Kanindé, organização de defesa etnoambiental, a qual está a frente.

8 – Vivi Reis

vivi-reis.jpg

Deputada federal pelo Psol (PA), Vivi é detentora de uma longa história em movimentos sociais e estudantis. Atuando na coletividade, foi responsável pela criação do movimento estudantil Juntos e Juntas e se engajou ainda nas lutas junto aos povos do Xingu contra a hidrelétrica Belo Monte. Para ela, o Fospa é essencial diante do atual contexto política, de ameaça as direitos humanos. “Estamos vivendo ’em desgoverno’. É importante continuar construindo. Devemos lutar e honrar importantes expressões da luta ambientalista e dos direitos humanos no Brasil, como Chico Mendes, Irmã Dorothy, Dom e Phillips. Logo, este evento é o local para estreitamos relações com outras lutas e a partir desta perspectiva, criar diversos modelos para continuamos firmes, pois a Amazônia preservada salvará o mundo”.

9 – Sileuda Nascimento

sileuda-nascimento.jpg

Ela é presidente do Sindicato dos Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais de Mojui dos Campos (PA). Tem ampla trajetória nas lutas sociais em defesa dos povos agroextrativista e das comunidades ribeirinhas do lago do Curua-Una, para ela o X FOSPA representa uma oportunidade de construir estratégias para lutar superar o governo atual. “É o momento de denunciarmos tudo o que vem acontecendo dentro de nossos território. Como estamos abandonados pelo governo brasileiro, precisamos bradar alto e estimular o apoio estrangeiro. E não sucumbiremos, porque o amazônida já nasce lutando”.

 

 

item-0
item-1
item-2
item-3