A discussão sobre o custo pós-emprego é antiga na Cemig. Já são alguns anos durante os quais a empresa procura diminuir as despesas (que é como a gestão categoriza o custo com os aposentados). Porém, as conquistas dos trabalhadores, como a Forluz, e a Cemig Saúde, devem ser tratadas em ambientes de discussão democrática — como foi desde o início.
Mais uma vez, no entanto, a Cemig acena com posicionamento unilateral. Em reunião com o Sindieletro e demais entidades representativas dos trabalhadores ativos e aposentados, nesta sexta-feira (23), a gestão apresentou um relatório sobre o custo pós-emprego na Cemig Saúde, evidenciando o suposto impacto causado para a Cemig e a necessidade de uma resolução. A gestão frisou que considera os custos “economicamente insustentáveis”, já que há “um aumento exponencial”.
No documento, foram apresentados números, tabelas e cálculos que não nos convenceram e com os quais não concordamos, ponderando não só sobre a natureza dos dados, mas também questionando a postura ditatorial e antidemocrática assumida pela gestão: sem o mínimo debate prévio, fomos informados que, na próxima terça-feira (27), será apresentada uma proposta de mudança no custeio da Cemig Saúde.
Sabemos que o prognóstico não é bom. O último slide da apresentação apresenta a seguinte frase: “A solução para o pós-emprego passa pelo diálogo e negociação com as partes envolvidas”. Curioso, pois é costumeiro que sejamos chamados para reuniões vagas como essa e, depois que as maldades são implementadas, a Cemig argumente que conversou conosco. Mas nenhum debate verdadeiro aconteceu.
Membro titular eleito para o Conselho Deliberativo da Cemig Saúde, William Franklin pontua que é necessário “um debate maior sobre esse assunto, com mais calma. Não há abertura para que nem mesmo possamos construir algo em conjunto, se fosse o caso”.
Ele explica que é inaceitável uma decisão de cima para baixo. “Tudo o que conquistamos no passado, em relação ao plano de saúde, fizemos com debate em mesa, de forma democrática. Virá uma proposta no dia 27 que dificilmente terá abertura para mudar. Na reunião, ficou claro que a empresa tomará decisões de maneira unilateral”, frisa. E que cabe ao conjunto das trabalhadoras e trabalhadores ativos e aposentados se organizarem para resistir e contrapor a medidas prejudiciais impostas pelo governador Zema através de seus gestores na Cemig.
Decisões vem da sanha privatista de Zema
Nenhuma das ações tomadas pela gestão da Cemig nos últimos anos é aleatória: pelo contrário, nasce da intenção escancarada do governo estadual em entregar a empresa ao mercado. Enquanto não consegue privatizar a estatal por conta dos entraves que criamos com luta (como a necessidade de um referendo popular e a aprovação de 3/5 da ALMG), Romeu Zema segue propondo medidas para diminuir custos operacionais da empresa como um todo.
Vemos exemplos disso no último Acordo Coletivo de Trabalho, na última negociação de Participação nos Lucros e Resultados, em ataques aos Planos A e B da Forluz e, agora, na Cemig Saúde. Já são várias as medidas internas implantadas para diminuir os custos com benefícios dos trabalhadores. A política privatista de Zema atua em diversas frentes; o esvaziamento dos gestores, por exemplo, é notório: a gestão vem sendo descaracterizada ao excluir mineiros e trazer indicados do Partido Novo de São Paulo.
Desde a posse do primeiro presidente indicado por Romeu Zema, Cledorvino Belini, as palavras de ordem são cortes, acionistas e privatização. A tendência continua com o presidente atual, Reynaldo Passanezi. O objetivo é claro: tornar a empresa mais atrativa para um eventual comprador. Mesmo em detrimento do bem estar, da saúde (principalmente no período mais crítico da pandemia) e segurança dos seus trabalhadores, Zema está obstinado em cumprir sua promessa.
A mobilização já deve começar
Assim como no início, ativos e aposentados precisam se unir desde já, para evitarmos o fim do plano de saúde por parte da empresa. Vamos precisar lutar e mobilizar muito: acompanhe as informações, debata, informe os colegas. A proposta não será boa e o Sindieletro está pronto para a luta, já analisando as possibilidades para mitigarmos os impactos de mais um ataque contra os trabalhadores que constroem essa empresa.
Como sempre: vai ter luta!