Alerta: Cemig pode ir a reboque da privatização da Copel



Alerta: Cemig pode ir a reboque da privatização da Copel

A Companhia Energética de Minas Gerais (Cemig), holding estatal do Grupo Cemig, pode ser vendida na poeira de privatização da Companhia Paranaense de Energia (Copel). O Governo do Paraná anunciou a decisão na segunda (21/11). Entretanto, manteria participação minoritária mínima de 15%, e de 10% do capital votante (ações ordinárias). A administração estadual manteria, então, poder de veto.

O Tesouro do Paraná detém 69,99% (Fonte: B3, 17/11/2022) do capital votante, 6,89% das ações preferenciais (sem voto). Dessa forma, portanto, é dono de 31,07% das ações do capital da companhia. A União, via Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), aparece como segundo acionista mais importante. Via a BNDES Participações S.A. (BNDESPar), o Governo federal, controla, respectivamente, 12,22%, 31,18% e 23,97%. Não surpreenderá se a BNDESPar seguir o Governo do Paraná.

O capital social da empresa, de R$ 10,8 bilhões (3M22), era representado por 1.054.090.460 ações ON e 1.682.463.290 PN.

A Copel apresentou, entre 30/12/2021 até sexta (18/11), variação negativa de 6,67%, ou seja, estacionado em R$ 19,189bilhões, ou US$ 3,588 bilhões. Mas, no final de 2021, os principais indicadores do balanço das demonstrações financeiras e patrimoniais da Copel se mostravam sólidos:

Receita líquida – R$ 22,89 bilhões

Lucro líquido R$ 921,98 milhões

Ativo total – R$ 49,81 bilhões

Dívida bruta – R$ 13,33 bilhões

Dívida líquida – R$ 9 bilhões

Patrimônio líquido – R$ 21,33 bilhões

Dinheiro da Copel entrará no caixa político do PR

Nos 9M22, a estatal do PR apresentou receitas de vendas de R$ 16,301 bilhões e lucro líquido de R$ 525,8 milhões. Os resultados, portanto, quedas de 2,3% e 84,9%, respectivamente, na comparação com 9M21. Mas, contas dos ativos e o patrimônio líquido permaneceram inalteradas em relação ao balanço encerrado em 30 de dezembro de 2021.

Como justificativa, o Governo do Paraná apresenta a necessidade de fazer caixa e realizar investimentos. “A Operação objetiva a captação de recursos financeiros para suprir necessidades de investimento do Estado do Paraná, bem como a valorização de suas ações remanescentes detidas na Copel, valorização essa que deverá derivar da potencial geração de valor aos acionistas, inclusive em virtude de eventual capitalização da Companhia e aceleração de seu plano de negócios”. Esse o teor no comunicado ao mercado repassado pelo diretor de RI da Copel à Bolsa de Valores B3 (Brasil. Bolsa. Balcão). O documento é assinado pelo governador reeleito em 1º turno (02/10), Carlos Massa Ratinho Júnior (PSD).

Por coincidência,nesta segunda (21/11), os acionistas da Copel realizam AGE. Na pauta, apreciação de distribuição de R$ 970 milhões referentes a juros sobre capital próprio (JCP)

O governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), também reeleito em 1º turno, fracassou no compromisso da campanha anterior: vender as principais estatais mineiras. Em 2018, foi taxativo pelas privatizações e, portanto, conquistou apoio do empresariado.

Zema tinha, portanto, como foco principal o Grupo CEMIG e a Companhia de Saneamento de Minas Gerais (Copasa MG) e sua controlada integral, Copanor. Entretanto, não constituiu apoio na Assembleia Legislativa, para modificar as leis de criação das companhias. Além disso, amargou uma CPI contra sua administração dentro da companhia. Mas, renova o mandato com mais força política.

A Cemig tinha, em 31/10, valor de mercado de R$ 26,721 bilhões (Fonte: B3), ou US$ 4,996 bilhões. O resultado, portanto, de variação de -10,61% em relação a 30/12/2021. A Copasa, por sua vez, valia R$ 5,528 bilhões, ou US$ 1,033 bilhão, com oscilação de -6,94%.

O Governo de Minas Gerais era dono de 50,97% (13/10) das ações ON do capital da Cemig, nada das PN. A sua participação, portanto, 17,04% do capital total. O fundo FIA Dinâmica Energia, pertencente ao Banco Clássico, ocupa segunda posição de acionista: 31,67% das ON, 8,45% das PN e, do total, 16,21%. Em terceiro, a BNDESPar: 11,15% das ON e 3,73% do capital total.

por Nairo Alméri, Além do Fato/UAI

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