Além do arroz, MST de Minas cultiva cerca de dois milhões de pés de café



Além do arroz, MST de Minas cultiva cerca de dois milhões de pés de café

“O MST é o maior produtor de arroz orgânico do Brasil”, destacou Lula (PT), durante entrevista ao Jornal Nacional. A afirmação do presidenciável, acompanhada do convite para que a jornalista Renata Vasconcellos fosse conhecer uma cooperativa do movimento, gerou interesse da população em conhecer a produção do Movimento de Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST).

No sul de Minas, em Campo do Meio, o movimento organiza mais de 450 famílias no acampamento Quilombo Campo Grande. No território de 4000 hectares, os acampados mantêm cerca de dois milhões de pés de café.

Os dados são de um estudo, realizado em 2018, pela Secretaria do Estado de Desenvolvimento Agrário (SEDA - Regional Alfenas), em parceria com o Centro de Referência dos Direitos Humanos de Alfenas e professores da Universidade Federal de Alfenas (Unifal).

Além do café, nomeado pelo movimento de Gauií, as famílias também produzem em grande quantidade milho, mandioca, feijão, leite, gado de corte, entre outros.

“Temos mais de 150 tipos de alimentos diferentes, entre frutas, verduras, grãos e cereais”, conta Tuira Tule, da coordenação nacional do MST.

Café Guaií

Comercializado em todo Brasil, o café Guaií é produzido pelas famílias do acampamento Quilombo Campo Grande. “Nosso café é fruto da resistência e do sonhar de um novo projeto de sociedade, no qual a vida esteja em primeiro lugar. Quando plantamos, produzimos e cuidamos, a gente tá também produzindo solo, diversidade, água. A gente tá produzindo novas relações de cuidado com a terra e para conosco”, afirma Tuira.

Quilombo Campo Grande

O acampamento fica na área da falida usina Ariadnópolis, da Companhia Agropecuária Irmãos Azevedo (CAPIA), que parou de funcionar em 1996, deixando dívidas trabalhistas de mais de R$ 300 milhões.

Com a avaliação de que o território não estava cumprindo com sua função social, o MST realizou a primeira ocupação na área em 1998, com objetivo de torná-la produtiva.

“A terra estava totalmente abandonada e degradada. Foi com os trabalhadores da antiga usina, que não receberam seus direitos, que nós fizemos a primeira ocupação”, conta Tuira.

Morando e cultivando na terra há mais de vinte anos, as famílias do acampamento ainda sofrem com ameaças de despejo. Em agosto de 2020, período considerado crítico da pandemia da covid-19, o governo Zema e a Polícia Militar de Minas Gerais protagonizaram a tentativa de reintegração de posse do terreno.

Na ocasião, os acampados resistiram por mais de 50 horas. Ainda assim, os militares despejaram uma das áreas do Quilombo, destruíram casas, lavouras e uma escola infantil construída pelo MST.

Fonte: Brasil de Fato (MG), por Ana Carolina Vasconcelos

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