O agrotóxico não é apenas defensivo agrícola, mas um veneno que está presente no alimento de todo dia. É o que afirmou a diretora de projetos da Associação de Cultura Orgânica, Maluh Barricote. Em 29% dos alimentos verificados pelo Programa de Análises de Resíduos de Agrotóxicos em Alimentos, da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), a quantidade de substâncias químicas era irregular. O monitoramento apresenta a análise de 3.293 amostras de 13 alimentos nos anos de 2011 e 2012.
Maluh explicou que os agrotóxicos passam a fazer parte da planta logo após a aplicação. Ainda que os alimentos sejam lavados, os químicos permanecerão em sua composição. Frutas, verduras e legumes com agrotóxicos usualmente são grandes e vistosos mesmo fora da época de colheita. Além disso, muitas frutas são enceradas para parecer mais atraentes. “Além do veneno, o cidadão também ingere a cera, que é nociva à saúde.”
Enquanto as feiras tradicionais de alimentos vendem todo tipo de produto, as orgânicas só apresentam aquilo que é da safra. “As feiras orgânicas têm dificuldade de vender o seu produto e mostrar para a população que ele é melhor, porque ele parece ser mais feio. Esse alimento menos exuberante muitas vezes é mais saudável”, disse Maluh.
O Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec) disponibiliza em seu site um mapa de feiras orgânicaspelo Brasil. Na cidade de São Paulo existem inclusive feiras noturnas, como a do parque da Água Branca, na zona oeste.
Os efeitos dos agrotóxicos no organismo humano são percebidos a longo prazo. Segundo estudo da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ), as substâncias podem provocar desde alergia, náusea e dores de cabeça a alterações renais e hepáticas e câncer. “Diferentemente de uma contaminação biológica, quando você come algum alimento que tenha agrotóxico, não vai ser no dia seguinte que você vai passar mal, nem daqui a um mês. É cumulativo e resultará em um problema muito mais sério”, reforçou Maluh.