Os baixos níveis dos reservatórios e as chuvas abaixo da média dispararam um sinal de alerta para o governo. Embora não haja risco de racionamento, o custo da geração de energia está cada vez mais alto, pela necessidade de acionamento de termelétricas, mais caras.
Esse custo adicional não está sendo coberto pela arrecadação com o atual mecanismo das bandeiras tarifárias. Por isso, a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) pretende revisar a metodologia a fim de reduzir a instabilidade dos preços e incluir no cálculo o volume de energia de fato produzido pelas hidrelétricas em relação ao que ao que estava previsto, relação medida pelo Fator de Ajuste da Garantia Física (GSF na sigla em inglês). Com isso, os consumidores podem esperar novos aumentos de tarifas.
Segundo Tiago Correia, diretor da Aneel e relator do processo sobre o assunto, a metodologia atual acumula déficits e não dá o sinal correto aos consumidores. A agência também vai discutir novos valores para os níveis de preços das bandeiras.
“Colocamos a metodologia em revisão com urgência urgentíssima”, afirmou Correia. O Valor apurou que a arrecadação relativa à bandeira tarifária no último mês foi de R$ 1 bilhão, enquanto o custo de operação do sistema para as distribuidoras atingiu R$ 4 bilhões. Até o fim do ano, as distribuidoras terão impacto total de R$ 6 bilhões, valor que só poderá ser repassado para o consumidor nos reajustes anuais.
Nesta terça-feira, a Aneel poderá pedir a abertura de audiência pública para discutir o assunto. Correia acredita que a mudança deve ser adotada ainda nesta semana para ser aplicada sobre a bandeira de novembro. A mudança proposta é técnica. Para definição da cor da bandeira, a nova metodologia deve considerar, além do custo da geração térmica para o mês, o indicador de garantia física hidráulica das hidrelétricas, ou seja, o GSF.
Na sexta-feira, as hidrelétricas do Sudeste/Centro-Oeste, que fazem a maior parte da geração hídrica do país, tinham só 19,54% da capacidade de seus reservatórios. As do Nordeste, 7,22%.
Fonte: Valor Econômico