O Acordo Coletivo de Trabalho – ACT – é parte importante da história de luta da categoria eletricitária da Cemig nesses 71 anos do Sindieletro. É nossa tarefa preservá-lo e adequá-lo à realidade trabalhista na Cemig com novos direitos
Ser eletricitário e eletricitária na Cemig não se resume simplesmente a um contrato de trabalho, a uma relação trabalhista, é fazer parte de uma história forjada na capacidade intelectual do trabalho de cada trabalhador e trabalhadora nas mais diversas atividades realizadas nesta importante empresa do setor elétrico brasileiro, e desenvolver novas técnicas e formas de manutenção, de operação, da engenharia, dos processos administrativos, etc, tornando a Cemig a melhor energia do Brasil.
Nossa história é, também, de muita luta! Os direitos estabelecidos no nosso ACT, que a gestão Zema insiste em retirar, foram conquistados por nós, trabalhadores, ano a ano, a cada renovação do Acordo Coletivo, com muita luta, e em vários anos, com greve. A combatividade da categoria junto ao Sindieletro conseguiu também vencer três tentativas de privatização, no início dos anos 2000, em 2014 e no primeiro mandato de Zema no governo de Minas Gerais.
No entanto, com o golpe contra a presidenta Dilma Rousseff, os desafios da classe trabalhadora aumentaram. No governo ultraliberal do ilegítimo Michel Temer o projeto de privatização avançou e conseguiram vender as usinas de São Simão, Miranda, Jaguara e Volta Grande, demonstrando o tamanho dos nossos desafios em governos de direita. A gestão Zema na Cemig também se apropriou da “deforma trabalhista” do Temer e tem utilizado a cláusula da ultratividade, que retira a obrigatoriedade das empresas em manter as cláusulas do Acordo Coletivo após seu vencimento, caso não tenha um desfecho. Para avançar nesse tabuleiro de xadrez, as greves têm sido peças importantes para a nossa luta, combinada com a estratégia construída pelo Departamento Jurídico do Sindieletro, com o intuito de garantir a continuidade das negociações em âmbito judicial.
Após dois anos, voltaremos, no segundo semestre de 2023, à mesa de negociação para renovação do nosso ACT, e a nossa luta precisa ser tão organizada quanto nos anos anteriores. Nós, trabalhadores da Cemig, organizados na direção do Sindieletro, já nos reunimos no Conselho Deliberativo do nosso Sindicato para dar início ao debate em relação à luta do ACT deste ano. No próximo período, iremos às portarias construir a luta junto com a categoria. Nosso primeiro passo é debater as condições de trabalho e os impactos do projeto privatista nos processos de trabalho.
Nossa pauta de reivindicações, a ser edificada também com a categoria, precisa revelar os problemas na relação trabalhista e nos processos de trabalho e propor melhorias, reconhecendo o caráter público que a Cemig deve ter, diante de nós, trabalhadores, e perante a população de Minas Gerais. Para isso, quando os diretores do Sindieletro estiverem nas portarias, é importante estarmos em condições para essa importante construção a partir de algumas reflexões prévias: qual a importância do trabalho na Cemig para minha vida? Qual a importância do meu trabalho para essa complexa cadeia produtiva e, consequentemente, para a disponibilidade da energia elétrica à população? Como está a condição de saúde e segurança no meu setor ou equipe? A relação hierárquica está adequada? O que precisa mudar na relação trabalhista?
“Como sei pouco, e sou pouco, faço o pouco que me cabe, me dando inteiro… não importa que doa: é tempo de avançar de mão dada com quem vai no mesmo rumo… é tempo sobretudo de deixar de ser apenas a solitária vanguarda de nós mesmos. Se trata de ir ao encontro (Dura no peito, arde a límpida verdade dos nossos erros). Se trata de abrir o rumo. Os que virão, serão povo, e saber serão, lutando.” Fragmentos do poema Para os que virão, de Thiago de Mello.
Cemig: esse “trem” é nosso!