O Itaú BBA decidiu elevar na última sexta-feira (8) sua recomendação para a Cemig (CMIG4), passando de underperform (desempenho abaixo da média) para market perform (desempenho em linha com a média), enquanto o preço-alvo dos papéis saltou de R$ 8,00 para R$ 10,00 até o fim do ano, dando um potencial de alta de quase 30%. A questão é: por que a recomendação veio somente agora, depois de os papéis terem subido até hoje 56,8% na Bolsa desde a mínima intradiária (a R$ 5,22) deixada no dia 15 de junho?
A justificativa da equipe de análise do banco, chefiada por Pedro Manfredini, é que somente agora a visão para o programa de desinvestimentos da empresa se tornou clara. Até então, os analistas estavam céticos se a companhia conseguiria colocá-lo em prática. Hoje, os papéis da Cemig - puxados por essa euforia - disparavam 8,22% na Bolsa, indo a R$ 8,43, às 14h22 (horário de Brasília).
Considerando desde a mínima de fechamento registrada neste ano (a R$ 4,07), as ações da companhia acumulam até agora valorização de 107% - uma arrancada que levava as ações da elétrica para o maior patamar na Bovespa desde agosto de 2015.
R$ 4,1 bilhões com venda de ativos
Puxado pela possibilidade da venda dos ativos "non-core" da Santo Antônio, Telco, Gasmig e as ações preferenciais da Taesa, os analistas acreditam que a companhia poderá levantar até R$ 4,1 bilhões com seu programa de desinvestimentos, levando sua elevada alavancagem - medida por sua dívida líquida consolidada/Ebitda (incluindo os passivos dos fundos de pensões) - para o patamar de 1,6 vez até 2018, frente aos 3,6 vezes registrados em 2015. Se nada for feito, a estimativa é que a empresa termine o ano de 2018 com uma alavancagem de 3 vezes. O cenário otimismo, segundo os analistas, se abre mesmo se a companhia conseguir fazer a venda dos ativos com um desconto de 20% do valor justo, o que levaria a alavancagem da elétrica ao patamar de 1,8 vez.
Eles salientam, no entanto, que embora vejam um caminho mais claro para a desalavancagem da Cemig ao longo dos próximos anos, o principal risco continua a ser qualquer atraso no processo. "Se os esforços da empresa ficarem aquém do esperado, recuperar a confiança dos acionistas será uma tarefa muito difícil", ressaltam. Segundo eles, a melhor alternativa seria manter o processo de desinvestimento em plena aceleração e pagar o dividendo mínimo permitido de 50%, de acordo com o estatuto social da empresa.
Para eles, os principais catalisadores da ação será um processo eficiente de redução de custos, melhores resultados comerciais, e uma decisão favorável do Supremo Tribunal sobre o direito da Cemig para continuar a operar as três usinas hidrelétricas de grande porte: São Simão, Jaguara e Miranda - embora acreditam que tal decisão seja improvável.
Segundo eles, a decisão de elevar a recomendação agora veio dessa percepção de perfil de risco menor para a empresa. "Enquanto a revisão para cima do nosso preço-alvo foi impulsionada por uma redução de 190 pontos-base no custo sobre o capital próprio da companhia, nós estamos menos céticos sobre a capacidade de desalavancagem da empresa no médio prazo. Acreditamos que a gestão da empresa agora poderia usar uma janela mais favorável de oportunidades para vender alguns de seus ativos 'non-core', mesmo com um desconto do valor patrimonial justo", comentaram.
Fonte: Brasil 247