Reivindicamos a negociação de muitas pendências dos eletricitários, acumuladas ao longo dos últimos 12 anos, e um dos pontos mais importantes é a política de saúde e segurança. Queremos que essa política seja construída a partir das propostas dos eletricitários para que a prevenção de acidentes graves e fatais, de trabalhadores do quadro próprio e terceirizados, funcione de fato.
Infelizmente, neste ano já temos dois acidentes fatais e na última terça-feira, dia 03, aconteceu novo acidente, não com morte de eletricitário a serviço da Cemig, mas com seqüela grave. O eletricista da Selt/Remo, Raimundo Adriano Custódio, sofreu lesão muito grave no olho esquerdo quando realizava um trabalho de instalação de cabos na rede elétrica da zona rural de Vespasiano, na Grande BH. Um dos cabos se soltou da haste, atingindo violentamente o rosto de Raimundo Adriano, quebrando seus óculos de proteção e o jogando de encontro ao poste. O eletricista ficou cego, já passou por uma cirurgia e na próxima quarta-feira se submeterá a nova operação da vista esquerda. Segundo a avaliação médica, se a cirurgia não der resultado, ele ficará cego para sempre.
“Meu médico disse que ainda é cedo para avaliar se eu ficarei cego permanentemente, é necessário aguardar a segunda cirurgia para dar parecer definitivo”, afirmou Raimundo Adriano.
O eletricista trabalha na Selt/Remo há nove meses, está com 38 anos, é casado e pai de três filhos. Mas já atua na função há mais de seis anos. Ele foi um dos trabalhadores da empreiteira CET flagrados pela fiscalização do Ministério do Trabalho e Emprego em trabalho análogo à escravidão. A CET foi fechada justamente por causa da fiscalização, que constatou dezenas de irregularidades e grande parte de seus trabalhadores foram readmitidos na Selt/Remo. Eles, inclusive, denunciam que o antigo dono da CET acabou se associando à Selt/Remo.
Intimidação
Trabalhadores da Selt/Remo denunciaram que um dos gestores da empreiteira, o antigo dono da CET, reuniu-se com eles logo após o acidente e “intimidou todo mundo”. Segundo os trabalhadores, o gestor responsabilizou-os pela insegurança, foi muito agressivo em suas palavras, demonstrando desequilíbrio e desrespeito. “Ele nos disse que somos responsáveis pelos acidentes. Assim, criou um clima ainda pior, um mal-estar geral, uma indignação total. Foi injusto conosco e não considerou que a responsabilidade pela segurança dos trabalhadores é a empresa. Esse gestor é muito autoritário, agressivo e desrespeita todos os seus trabalhadores”, criticou um eletricista.
A DDC é a diretoria responsável pelos contratos de terceirizações. O Sindieletro já cobrou da diretoria fiscalização mais rígida, solução para várias irregularidades das empreiteiras, mas continua sem resposta. Perguntamos: e aí DDC, vai fiscalizar, vai exigir saúde e segurança da empreiteira?