O eletricitário aposentado da Cemig, Fábio Carvalho trabalhou por mais de 30 anos em usinas da empresa e é o proponente da Ação Popular contra o leilão das hidrelétricas.
Ele alertou que, “dependendo de como for celebrado o contrato de concessão dessas usinas com a iniciativa privada, pode sobrar mais energia nas distribuidoras da Cemig, gerando um aumento de cerca de 5% nas contas dos consumidores comuns”.
Fábio também se mostrou preocupado com os problemas que a privatização pode gerar para a gestão das águas no Estado. “Em Volta Grande há um projeto de piscicultura para repovoamento de reservatórios que pode acabar se a empresa privada não for responsável”, explica. “Na Usina de São Simão, se a parada de máquinas em época de piracema não for realizada de maneira responsável, pode matar de uma só vez cerca de seis toneladas de peixes, gerando um impacto terrível para as comunidades que dependem da pesca”, completa.
Fábio críticou em tom de desabafo. “[Com o leilão] além de entregar a concessão do parque industrial, estaremos entregando o controle do espelho d’água, da biodiversidade, da segurança alimentar da população ribeirinha, enfim, da própria vida do rio para a iniciativa privada”, advertiu.
Em nome do golpe? Uma das justificativas da União para vender as usinas é a arrecadação para fechar as contas públicas. Entretanto, o mesmo governo federal que quer tomar o patrimônio dos mineiros está isentando impostos de grandes empresários e banqueiros, num processo de renúncia fiscal que já ultrapassa os R$ 100 bilhões.
O próprio critério adotado para o leilão mostra a falta de compromisso da União com a sociedade, já que será definido no leilão o maior valor de venda (bônus de outorga), estipulado em R$ 11 bilhões, e não as melhores condições de tarifa e prestação de serviços para o povo. “Diante desse contexto, é fundamental que o povo mineiro e a classe trabalhadora assumam o protagonismo dessa luta contra a privatização na Cemig”, convocou Jefferson Silva.
Acesse, assine e divulgue a petição on-line contra a venda das usinas em: goo.gl/zchd9C
Felipe Pinheiro, petroleiro e diretor do Sindipetro-MG, fez uma análise da atual conjuntura do setor energético nacional e destacou que o ataque às usinas, promovido pelo governo golpista, faz parte da retomada da agenda privatista da década de 1990, ressuscitada por Michel Temer. Nesse sentido, ressaltou, “a função da Plataforma [Operária e Camponesa pela Energia] é direcionar a luta por um projeto energético popular, construindo força e mobilização popular para garantir os anseios e as expectativas do povo”.