O patrão está acostumado ao lucro pela exploração, a tirar do direito de muitos alguma gordura para satisfazer sua ganância. Por isto, a direção da Copasa queria que a imensa maioria dos trabalhadores ganhasse uma PL de valor aviltante, enquanto uma casta gestora de altos salários gozaria um valor estratosférico, como acontecia antes de conquistarmos a linearidade do direito.
Pior ainda, o patrão que arruma um cargo em empresa pública imagina poder praticar as mesmas atrocidades de uma empresa privada onde é o “dono” ou “mandante”.
Numa empresa como a Copasa, no entanto, onde a governança deve começar pela responsabilidade social, existe o compromisso não apenas com o trabalho como nosso ganha-pão, mas exige-nos, principalmente, o espírito público, para que atendamos o povo com qualidade e respeito aos seus direitos.
SUCATEAR PARA PRIVATIZAR
Nestes últimos anos, sobretudo com o atual ocupante do governo de Minas, a Copasa vem sendo sucateada em sua condição de sustentabilidade, dilapidada a sua imagem pública pela falta de investimento para atender a demanda social nos serviços essenciais de saneamento. O Governo Zema segue firme na sua política de vendedor, tirando da empresa pública as condições para garantir o serviço essencial prestado à população, que é prejudicada pelo descaso governamental.
A farra dos acionistas com os milhões da Copasa, que deveriam estar sendo reinvestidos na melhoria dos serviços de saneamento, é agravada pela capacidade da empresa de se endividar. A Copasa buscou R$ 925,09 milhões no Banco Europeu de Investimento (BEI); R$ 510,3 milhões no banco alemão KfW; R$ 361 milhões do FGTS; R$ 42,8 milhões no BNDES. Somadas estas “bagatelas”, a Copasa tem disponível R$ 1.84 bilhão, que daria para solucionar problemas de saneamento em inúmeras cidades.
Na mesmo momento de sufoco imposto aos trabalhadores, o presidente da empresa, Carlos Eduardo, recebia uma remuneração de R$ 490 mil num único mês e a contratação do próprio primo em cargo de confiança.
Os trabalhadores na Copasa foram penalizados por uma longa luta de três anos para assegurar reajustes de salários, manter direitos e empregos. Mas a população de todo o Estado sofre com o abandono total de políticas sociais e o governador afrontou sistematicamente os deputados na Assembleia Legislativa do Estado de Minas, impedindo medidas básicas e estruturais para a população.
Na véspera de nova eleição, Zema vai abrindo os cofres, de forma a tentar limpar uma imagem de incompetência e de nenhuma sensibilidade com necessidades essenciais do povo. Seu estilo e falta de compromisso levam-no a rasgados elogios de Bolsonaro, que tem o vendedor de estatais de Minas como seu fiel seguidor e leva até a especulações de que poderia se candidatar a vice-presidente do “mito cloroquina”.
Vencemos batalhas de três anos contra as nocivas intenções de Zema e de seus gestores que destroem a Copasa e temos uma tarefa importante nas próximas eleições para os governos de Minas e do nosso País.
Por Eduardo Pereira, presidente do Sindágua-MG