Carta dos diretores do Sindieletro acampados na na Usina de São Simão e dos trabalhadores ativos e aposentados mobilizados em torno do acampamento à categoria eletricitária
Companheiros e companheiras da Cemig,
É fundamental que lutemos, juntos, contra o leilão e a privatização das usinas da Cemig. Para nós, trabalhadores e trabalhadoras da empresa, os efeitos da transferência de ativos da Companhia para a iniciativa privada pode trazer prejuízos irreversíveis na discussão das pautas corporativa, política, social e econômica.
É o futuro da empresa que está em jogo.
Além disso, o risco da privatização também ameaça o povo mineiro. Consumidores de energia elétrica, famílias que ainda lutam para ter luz em casa, comunidades ribeirinhas que dependem do espelho d’água das barragens para atividades econômicas, de lazer e da própria segurança alimentar, municípios atingidos pela construção das represas e que recebem royalties pelo impacto da construção das barragens, todos correm o risco de ter precarizado ou excluído o acesso à água e à energia.
Nós, diretores do Sindieletro acampados na portaria da Usina de São Simão desde o dia 19 de agosto, trabalhadores ativos e aposentados mobilizados em torno do acampamento, juntamente com companheiras e companheiros do Movimento dos Atingidos e Atingidas por Barragens (MAB) e Movimento dos Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais Sem Terra (MST), estamos cumprindo um papel importante nesta luta contra a venda das usinas.
O objetivo fundamental desta mobilização é fazer o enfrentamento ao capital privado e especulativo que tem grande interesse em comprar nossas usinas. A hidrelétrica de São Simão foi escolhida por ser a de maior capacidade instalada de geração da Cemig e principal alvo do capital estrangeiro. Para dar nosso recado, estamos fazendo o escracho público aos investidores que estão realizando visitas técnicas nas usinas: “MESMO QUE ELES COMPREM AS USINAS, NÓS NÃO VAMOS ENTREGÁ-LAS!”.
A materialização do acampamento é fruto de todo um processo de articulação do Sindieletro junto a movimentos sociais e sindicatos que compõem a Plataforma Operária e Camponesa de Energia, e que já realizou dezenas de seminários regionais pelo Estado.
Além disso, essa articulação proporcionou a mobilização de mais de 1.200 pessoas que se deslocaram de todas as regiões do Estado para participar do ato promovido na Usina de Miranda, no dia 18 de agosto.
Nesta luta, o acampamento também vem proporcionando a mobilização dos trabalhadores das quatro usinas (São Simão, Jaguara, Miranda e Volta Grande), do CRIU (Uberlândia), do CRIUB (Uberaba), bem como dos eletricitários da MG/TA, MT/TA e MG/OE, que passam pelo acampamento e interagem diariamente conosco.
Em solidariedade à luta contra a privatização, trabalhadores lotados na usina de São Simão a ocuparam, reafirmando o compromisso que a categoria eletricitária deve ter em torno desta luta. Também estamos atuando junto aos municípios de Santa Vitória (MG) e São Simão (GO), vizinhos à usina. Estão sendo realizadas reuniões com lideranças comunitárias, inclusive colônias de pescadores e pescadoras, Câmaras Municipais e prefeitos, audiências públicas, seminários e panfletagem. Isso tem conquistado o apoio da população.