Os dois acidentes graves ocorridos em menos de uma semana não são fatos isolados e mostram claramente as péssimas condições de trabalho dos eletricitários terceirizados e a opção da Cemig de precarizar e maximizar os lucros.
De 1999 a 2015 o Sindieletro registrou 120 acidentes fatais na Cemig. Nesse período, 97 eletricitários terceirizados e 23 trabalhadores do quadro próprio perderam a vida enquanto prestavam serviços para a Cemig. É incontável o numero de eletricitários que sofrem com graves sequelas, queimaduras e amputações de membros devido aos acidentes de trabalho.
Essas tragédias poderiam ser evitadas se a Cemig honrasse o compromisso do governador Fernando Pimentel e do presidente da empresa, Mauro Borges, de acabar com a terceirização. Mas a opção continua sendo pelos acidentes.
Vítimas fatais
Somente de 2014 a 2016 ocorreram 13 mortes de eletricitários, cujos nomes relacionamos a seguir:
• 09/06/2014 - Vilmar Moreira Lima, podador da empreiteira Eletrosilva.
• 24/09/2014 - Marcos Vinícius de Oliveira, leiturista da empreiteira Delta Serviços Elétricos.
• 24/09/2014 - Valdir Antônio Barbosa, leiturista da empreiteira Delta Serviços Elétrico.
• 19/10/2014 - Fábio Custódio Oliveira, encarregado, da Eletro Pedro.
• 11/12/2014 - EnilBenate de Paula Rosa, eletricista da Corte Real Construtora.
• 28/01/2015 - Cláudio Gomes da Silva, eletricista da Engelmig.
• 23/02/2015 - LeeanLeenyker Silva, leiturista da Setel.
• 13/05/2015 - Pedro Murilo Santos Batista, eletricista da Eletro Pedro.
• 06/06/2015- Antônio de Souza Barbosa, eletricista da ARJ Engenharia.
• 28/09/2015 - José Jairo da Silva, eletricista da Selt Engenharia.
• 03/11/2015 - José Pedro da Silva, eletricista/motorista da ESEC.
• 03/03/2016 - Ronaldo Oliveira de Lima, eletricista da Encel.
• 14/04/2016 - Flávio Gonçalves de Melo, técnico do sistema elétrico de campo da Cemig.
Feridas que doem na alma
Também não podemos nos esquecer dos eletricitários vítimas de graves acidentes entre 2014 a 2016. Esses trabalhadores carregarão, no corpo, para o resto de suas vidas, as sequelas provocadas pelas queimaduras de até terceiro grau, perda da visão e amputações de membros. Mas, para a Cemig, a lógica continua sendo do lucro acima da vida.
• 09/01/2014 - Dennis Ricardo Nogueira, eletricista de manutenção de usinas da Cemig. O trabalhador sofreu politraumatismo ao perder o controle da moto e cair.
• 10/01/2014 - Waldir Gomes Lara, almoxarife da Ecel Engenharia. Teve que colocar pino no dedo médio após se ferir com uma maquita.
• 27/03/2014 - João José de Jesus Santos, eletricista da Esec. O poste quebrou e veio ao solo junto com o trabalhador que sofreu fraturas no tornozelo esquerdo e na mandíbula.
• 25/06/2014 - Farley Santos Marques, eletricista da Projetc Construções Elétricas. Teve os dois antebraços e parte da perna direita amputados.
• 23/02/2015 - Jonathan Marlon Castro Silva, leiturista da empreiteira Setel. O trabalhador sofreu acidente de trajeto.
• 03/03/2015 - Raimundo Adriano Custódio, eletricista do Consórcio Selt/Remo, ficou cego do olho esquerdo.
• 25/08/2015 - Daniel Felipe Correia Prates, eletricista do Consórcio Selt/Remo, sofreu queimaduras de segundo grau por arco elétrico.
• 25/08/2015 - Raimundo Alves Ribeiro,eletricista do Consórcio Selt/ Remo, sofreu queimadura de segundo grau provocada por arco elétrico.
• 12/09/2015 - Adilson Marques de Brito, eletricista da Eletrocamp, teve a amputação da perna e antebraço direitos.
• 22/10/2015 - Luciano da Silva, montador de subestação da Construtora Remo, sofreu fratura no osso da bacia.
• 26/10/2015 - Maer Frank Cecílio Ribeiro, eletricista da Celminas, sofreu queimaduras no pé esquerdo.
• 26/09/2016 - João Batista de Figueiredo Neto, ajudante de eletricista daEngelmig foi vítima de choque elétrico. O trabalhador teve a perna esquerda amputada e continua internado em estado grave no Pronto Socorro do Hospital João XXII. O Sindieletro obteve informações que, mesmo sem treinamento, o trabalhador atuava no sistema elétrico de potência.
• 29/09/2016 - KerlintonKemps Juca de Souza, eletricista da Snef Brasil. O trabalhador sofreu graves queimaduras e está internado no CTI do Pronto Socorro do Hospital João XXIII.
Para o Sindieletro, a meta de acidente zero anunciada pelo presidente da empresa, Mauro Borges, durante um ato em homenagem às mulheres, em 2015, não pode ser apenas retórica. Enquanto a empresa insistir com a terceirização, a tendência é que as mortes de trabalhadores e os acidentes graves só aumentem.