A política do silêncio



A política do silêncio

O ano de 2019 começou com diversos desafios: pautas sobre o pagamento da Participação nos Lucros e Resultado (PLR), luta contra demissões, PDVP e fechamento de localidades tomaram nossa agenda no primeiro trimestre. Além disso, a ameaça de privatização da Cemig perpetrada pelo governador Romeu Zema e o desmonte da Previdência anunciado pelo governo de Jair Bolsonaro, temas que impactam diretamente os eletricitários ativos e aposentados, estão no foco da nossa mobilização.

No campo político, apesar da postura conciliatória que o Sindieletro sempre adotou, entendemos que nosso esforço unilateral não tem sido o bastante. É necessário que haja um trabalho conjunto para a resolução de problemas, passando por momentos de debate e transparência. No entanto, enquanto tentamos abrir diálogo com a gestão da Cemig, seguimos sendo ignorados repetidamente.

A atitude da atual gestão parece ser modus operandi: deputados da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) vêm reclamando da falta de respostas do gabinete de Zema na hora de negociar medidas para o Estado.

Veja, por exemplo, o caso do acordo da dívida do governo mineiro com os municípios. Zema condicionou os repasses de valores atrasados à aprovação do Regime de Recuperação Fiscal (RRF), medida que visa, entre outras decisões arbitrárias, privatizar estatais, incluindo a Cemig. Como a verba para atender as prefeituras sairá do RRF, o governador joga a pressão para cima dos deputados.

Assunto caro aos eletricitários, a privatização está em nossa pauta de discussão com o governo, uma vez que o Sindicato acredita que a solução para o problemas do Estado virá por meio da Lei Kandir. Além disso, preten demos abrir o debate sobre a segurança das barragens da empresa (preocupação direta da Aneel). Entendendo a importância de estarmos juntos e dialogando, enviamos o ofício 008/2019, no dia 14 de fevereiro, solicitando audiência com o governador. Não obtivemos nenhuma resposta até o fechamento desta edição.

Preocupados com as falas do novo presidente da Cemig, Cledorvino Belini, sobre sua gestão de priorizar, “acima de tudo, dividendos para os acionistas”, também procuramos conversar com o gestor sobre as reais prioridades para os trabalhadores e para a estatal. O ofício 009/2018 também foi enviado há quase dois meses e segue sem resposta.

Até o momento, apenas a assessoria do vice-governador ouviu o Sindieletro. Esquecendo-se que não gere Minas Gerais sozinho, Zema, no entanto, continua sem dialogar nem com o Sindicato, nem com parlamentares, em quase 100 dias de governo.

PLR sem resposta

No dia 5 de dezembro do ano passado, enviamos à Cemig o ofício 108/2018, cobrando da empresa o adiantamento da PLR 2018. Sem resposta oficial, no dia 22 de março, o Sindieletro voltou a cobrar o pagamento da Participação nos Lucros, dessa vez através do ofício 014/2019, enviado no dia 22 de março deste ano, e que segue sem nenhum retorno.

Com a divulgação, no dia 1º de abril, do lucro líquido de R$1,7 bilhão em 2018 – um aumento de 70% na base anu- al – fica claro que o pedido de adiantamento não é nada absurdo. A PLR representa uma importante parcela da remuneração global anual dos eletricitários e faz falta ao orçamento das famílias. 

Vale lembrar, ainda, que a Cemig não só responde como não comparece a seus compromissos com a população e os trabalhadores: na audiência sobre o fechamento das localidades, em março, na ALMG, nenhum representante da empresa apareceu.

Luta é o caminho

O movimento silencioso, no entanto, é coerente com a postura que o governo vem adotando. Resta saber até quando Zema e a gestão da Cemig se farão de cegos, surdos e mudos para as necessidades dos eletricitários e da classe trabalhadora. Nós, como sempre, seguiremos gritando a plenos pulmões.

 

 

 

 

 


 

 

 

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