Está no ar... o desespero do governador Romeu Zema para vender estatais dos mineiros, com o avanço do processo de privatização em plena pandemia, sem pensar na crise quando o assunto é gastar com consultoria técnica.
Depois de ter feito acordo com o BNDES para o banco realizar uma análise técnica de viabilidade da privatização da Copasa, Zema publicou na terça, dia 04, no Diário Oficial do Estado, um “extrato de acordo de cooperação técnica entre a Secretaria de Estado de Desenvolvimento Econômico, a de Planejamento e Gestão e a MGS”. O que significa? No documento, o governo não esconde que o objetivo é realizar um diagnóstico, a precificação (colocar preço) e a elaboração de um plano de desestatização dos ativos da MGS.
A MGS (Minas Gerais Administração e Serviços) é uma estatal especializada nos serviços dos postos UAI (confecciona vários documentos, como carteira de identidade, carteira de motorista, CPF, entre outros) e também de serviços de portaria, garçons e copa, entre outros, atendendo prefeituras e toda a estrutura do governo estadual.
Para piorar, o acordo do governo Zema de planejamento de medidas para a privatização da MGS não tem transparência alguma. O governador colocou uma cláusula prevendo que o processo será feito em sigilo. Aliás, as diretrizes da Política Estadual de Desestatização impõem o sigilo, medidas determinadas pelo próprio governo do Estado.
Como Zema não vê perspectivas de privatizar a Cemig e a Copasa e suas subsidiárias, porque há resistência na ALMG e, sobretudo, há a proteção da Constituição do Estado, prevendo que, para a venda, são necessários os votos de três quintos dos deputados estaduais e a autorização do povo por meio da realização de um referendo popular, ele vem atacando outras estatais que julga “mais fácil” vender. São os casos da Codemig e da MGS.
24 mil empregos em risco
A MGS é uma estatal que vem sendo perseguida por Romeu Zema desde que ele assumiu o governo de Minas. Em fevereiro de 2019, o governador iniciou demissões na empresa, além de fechar várias UAIs (Unidade de Atendimento Integrado). Foram 200 desligamentos, mas a organização dos trabalhadores se mobilizou. Na ocasião, o Sindieletro foi um dos sindicatos que se solidarizou com o drama dos trabalhadores da MGS, e após protestos, com atos públicos, o governo voltou atrás.
Mas no início da pandemia, a empresa, a mando de Zema, lançou um PDI na MGS. Houve novas manifestações dos trabalhadores, com a solidariedade do Sindieletro.
A empresa tem cerca 24 mil trabalhadores e trabalhadoras em todo o Estado. Claro que com a privatização, a maioria esmagadora vai ser jogada para as ruas, agravando ainda mais o desemprego em Minas, que tem um governo com perfil extremamente empresarial e está pouco se lixando para os problemas sociais, para os dramas dos trabalhadores mais vulneráveis ao desemprego, à fome e à miséria.
Para o presidente da CUT Minas e diretor do Sindieletro, Jairo Nogueira Filho, o governo segue com sua proposta de desmonte do Estado. “O governo tem outras formas e onde buscar dinheiro sem ter que vender as estatais, a exemplo o encontro de contas do Estado. Porém, Zema segue os mesmos passos do presidente Bolsonaro de privatizar todas as empresas, como Cemig, Copasa a Codemig e a MGS”, diz.
Jairo alerta que se a privatização da empresa for concretizada, os novos donos vão demitir milhares de trabalhadores, agravando ainda mais o quadro de desemprego no país, “são trabalhadores concursados, que prestam um excelente e essencial serviço para a população, a privatização vai resultar em desemprego ou na geração de empregos precários, uma vez que para o capital privado só o lucro importa”.