Maior empresa de energia do mundo, a State Grid está de olho em duas gigantes brasileiras do setor: a Companhia Energética de Minas Gerais (Cemig), que pode ser privatizada, e a Eletrobrás, cujo plano de desestatização está em curso. De acordo com o vice-presidente da State Grid Brazil Holding (SGBH), Ramon Haddad, a empresa aguarda detalhamento sobre as condições dos certames para analisá-los. “Temos interesse em todo ativo que for somar à companhia”, disse o executivo durante o Seminário de Produção e Transmissão de Energia Elétrica (SNPTEE), realizado em BH.
A venda da Cemig é prioridade na agenda do governador Romeu Zema (Novo) para que o Estado possa aderir ao Regime de Recuperação Fiscal (RRF) do governo federal, que promete aliviar o caixa do Estado. A tarefa, no entanto, será árdua. Para abrir mão da energética, Zema precisa convencer dois terços dos deputados na Assembleia Legislativa e, também, a população. Conforme a Constituição mineira, é necessário um referendo para levar a estatal ao mercado.
Uma das dúvidas da chinesa sobre o certame é com relação à forma como a energética mineira será oferecida ao mercado, se ela realmente for privatizada. Hoje, a Cemig atua nas três frentes do setor energético separadamente: Cemig Geração, Cemig Distribuição e Cemig Transmissão. “Pode ser que ela seja oferecida de forma fatiada ao mercado, ou junta. Vamos analisar assim que soubermos”, afirma Haddad.
Com expertise em transmissão, a State Grid tem apetite especial pelo segmento no Brasil pela forma como a remuneração é realizada. Aqui, as transmissoras são pagas por meio da Receita Anual Permitida (RAP), definida no momento do leilão. Embora a disputa seja vencida por quem ofereça a menor remuneração, ela é fixa. Ou seja, o investidor sabe exatamente quanto irá receber durante o ano. “É um dos melhores sistemas (de pagamento) do mundo. Se não, o melhor”, diz o executivo.
Em atuação no Brasil desde 2010, a State Grid detém 18 concessionárias no país e outras cinco concessões por meio de consórcios com participação de 51% em cada um deles. Entre os ativos da empresa estão as linhas de transmissão Belo Monte Transmissora de Energia (BMTE), a maior do mundo, com 2.539 quilômetros (km), com destino a Paracambi (RJ), e a Xingu-Rio Transmissora de Energia (XRTE), que desemboca em Estreito, no Sul de Minas.
Do destino, a energia é enviada para o Sistema Interligado Nacional (SIN) e pode abastecer localidades remotas do país. Juntos, os linhões demandaram investimentos de aproximadamente R$ 14 bilhões.
Fonte: Hoje em Dia