Os eletricitários e eletricitárias com apoio de petroleiros, bancários, professores, integrantes do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB) e do Movimento dos Trabalhadodes Sem Teto (MST) protestaram em frente ao prédio da Bolsa de Valores de São Paulo, na terça-feira (14), data que entra para a história do povo brasileiro de maneira negativa.
Terça foi o dia em que Jair Bolsonaro (PL) entregou oficialmente a Eletrobras para o mercado financeiro, apesar dos alertas de que a empresa foi vendida a preço de banana, com interesses escusos e mal esclarecidos. E a conta será de todos os brasileiros, já que há estudos comprovando que haverá reajuste nos preços das tarifas de energia que a população paga.
Diante da tragédia anunciada mais de 100 pessoas se reuniram no ato em que foram distribuídos panfletos à população explicando o que deve ocorrer após a venda da Eletrobras. Com caixa de som, sindicalistas e ativistas se revezavam nos discursos de que a luta não terminou e agora será pela reestatização, assim que um novo governo for eleito em outubro. A expectativa é que Bolsonaro seja retirado da cadeira de presidente da República pelo voto.
Um dos mais críticos à venda da Eletrobras, o engenheiro da Eletrobras e diretor do Coletivo Nacional de Eletricitários, Ikaro Chaves, enrolado numa bandeira do Brasil, tentou protestar mais de perto contra Bolsonaro que havia entrado no prédio da Bolsa de Valores, sem ser visto pela população. Ikaro foi retirado pelos seguranças. As ruas em torno, no centro de São Paulo estavam policiadas e cercadas com grades. Veja abaixo o protesto.
Antes, porém, o dirigente falou ao portal CUT sobre os próximos passos da categoria.
“Os trabalhadores do setor elétrico, a sociedade civil organizada e os partidos de oposição lutam há cinco anos, desde o governo de Michel Temer, contra a privatização. Mas lamentavelmente a truculência do governo Bolsonaro não tem limites, privatizou a empresa mesmo descumprindo promessa de campanha e a população se posicionando contra a privatização”, disse Ikaro. Bolsonaro na campanha eleitoral de 2018 havia prometido que não venderia a Eletrobras.
A vice-presidenta da Confederação Nacional dos Urbanitários e uma das coordenadoras do CNE, Fabíola Latino afirmou que o ato era para marcar a resistência da categoria nos últimos cinco anos. Ela lembrou os inúmeros protestos de rua e ações judiciais, audiências públicas e reuniões com parlamentares para expor os prejuízos que o povo brasileiro terá com a privatização da Eletrobras.
“Os nossos próximos ´passos serão para dar continuidade à judicialização, denunciando todas as irregularidades e inconstitucionalidades presentes nesse processo. Em todas as instâncias que a gente foi, administrativas e judiciárias, em nenhum momento entraram no mérito da questão, diziam apenas que precisavam dar continuidade ao processo, alegando possível frustração do mercado financeiro caso a privatização fosse barrada, e assim eles davam andamento ao processo”.
O presidente do Sinergia CUT, Carlos Alberto Alves, reafirmou também que agora a luta é pela reestatização, apesar de Bolsonaro ter “passado um trator” num processo totalmente imoral.
“Nós estamos aqui demonstrando nossa insatisfação nesse processo sem a participação dos trabalhadores e da sociedade e hoje está havendo a liquidação da empresa, que não está sendo vendida, está sendo doada, de pelo baixo preço que estão pagando por ela”, criticou Carlos Alberto.
Petrobras na mira da privatização
A diretora da Federação Única dos Petroleiros (FUP), Cibele Vieira, disse que o ato, além de defesa da Eletrobras, foi em defesa das estatais que o governo Bolsonaro quer vender como os Correios, os bancos públicos e a Petrobras.
“O desmonte do estado brasileiro afeta a todos nós. É uma luta coletiva para além dos direitos dos trabalhadores. É uma defesa do Estado como um todo porque a riqueza nacional tem de servir ao povo e não para gerar dividendos para acionistas. A gente vê que no caso da Petrobras mudaram o estatuto da empresa para focar em pagar dividendos para acionistas. A Petrobras já é uma empresa mista, mas não precisa ter lucros recordes numa pandemia e essa situação é gritante pelo momento de fome que o brasileiro está passando”.
Cibele lembrou ainda que onde houve venda, como no caso da refinaria da Bahia, são aumentos de preços maiores do que os cobrados pela Petrobras.
Outros atos
Os eletricitários também fizeram atos em frente à sede da Eletronorte em Brasília e em Florianópolis (SC), em frente à sede da CGTEletrosul Pantanal.
Fonte: CUT, por Rosely Rocha