A luta dos trabalhadores da Remo por salário digno e o plano de saúde da Unimed continua forte, mas chegou a um momento de impasse com o Sindicato dos Trabalhadores da Construção Civil de Divinópolis (Siticom). Na primeira quinzena de março os trabalhadores apresentaram uma contraproposta para a gestão da Remo de pagar um salário-base de R$ 1.574,00 (a empresa paga hoje apenas R$ 1.280,00 de salário-base) e implantar num prazo de 60 dias o plano de saúde da Unimed. Quinze dias depois, no final da semana passada, a empresa apresentou uma proposta com a novidade apenas no plano de saúde.
O impasse é quanto ao formato de assembleia que o Siticom arrumou para apreciar a proposta. De acordo com denúncias dos trabalhadores da Remo, o Sindicato não segue a legislação para realizar as assembleias, que é a convocação em prazo legal por meio de edital com local, data e horário da(s) assembleia(s), e também a garantia de sigilo na votação. O Siticom, dizem, adotou um modelo em que chama os trabalhadores para irem à sua sede, assinar a folha de votação e indicar o seu voto (sim ou não), sem sigilo algum. É um formato, denunciam, que intimida os trabalhadores e dá brecha para a Remo perseguir quem rejeitar a contraproposta.
O receio é concreto, porque a empresa já começou a intimidar e pressionar os trabalhadores com um recado encaminhado a cada um deles por um supervisor da Remo. A convocação é para quem for votar a favor da contraproposta patronal. Diz: “Pessoal, boa tarde! Quem estiver de acordo com a proposta salarial e mudança do plano de saúde favor comparecer no sindicato para assinar o acordo no horário de 13h às 17h”. Veja a imagem/print.
Os trabalhadores lembram que eles, o tempo todo, se deparam com dificuldades e intimidações. Eles inclusive, anteriormente, já apresentaram um abaixo-assinado cobrando do Sindicato a especificação de uma pauta e exigindo a declaração de estado de greve, mas o Siticom se negou a aceitar o documento.
A interferência da empresa na relação sindical é crime e ao convocar os trabalhadores "que concordam com a empresa" para irem ao Sindicato, o supervisor está cometendo o que pode ser considerado pela Justiça como prática antissindical.
A pergunta ainda fica no ar: Por qual motivo o Siticom não quer realizar as assembleias para permitir um bom diálogo com os trabalhadores?
Em decisão do TRT, o desembargador determinou que os trabalhadores, para fazerem greve, deveriam realizar assembleias, comunicar à população e à empresa com antecedência. Ao recusar o pedido de assembleias, o Sitcom está obrigando o trabalhador a paralisar suas atividades sem cumprir a determinação da Justiça.