A luta da categoria eletricitária contra a privatização da Cemig conta com aliados importantes, como deputados estaduais e federais, prefeitos e até o apoio de quem fez carreira na estatal e já foi diretor da empresa. Falamos do engenheiro Aloísio Vasconcelos, ex-diretor da Cemig e ex-presidente da Eletrobrás, portanto, uma personalidade com profundo conhecimento do setor elétrico brasileiro.
Ele tem feito a defesa pública da Cemig enquanto estatal, em vários debates e entrevistas à imprensa. Vasconcelos destaca que a Cemig está extremamente vinculada ao desenvolvimento do Estado, ao contrário das afirmações – falsas – do governador Romeu Zema e alguns de seus secretários. Segundo o engenheiro, a empresa existe há quase 70 anos, sempre foi lucrativa e não precisa ser vendida. Precisa, de fato, modernizar-se, abraçar totalmente projetos dos novos tempos, como os de energia alternativa (solar e eólica, por exemplo).
Ele destaca que, em sete décadas, a Cemig jamais deixou de ser lucrativa e uma peça chave para o desenvolvimento do Estado. “Deu lucro no passado, continua dando lucro, não tem e não terá problemas financeiros como estatal. Atende 774 municípios, tem compromissos de desenvolvimento econômico, social e até cultural”, justifica.
Vasconcelos diz também temer a Cemig privatizada pela realidade consolidada: as empresas do setor que foram privatizadas aumentaram o custo da energia para a população e a indústria e baixaram a qualidade dos serviços. Com a Cemig não seria diferente.
Exemplos de gestão para o desenvolvimento
Ele cita exemplos da gestão para o desenvolvimento adotada pela estatal, ontem e hoje, apesar das tentativas de desmonte impostas pelo governo Zema. Em debate no programa Palavra Aberta, da Rádio Itatiaia, Vasconcelos fez oposição ao ex-presidente da Fiemg, Olavo Machado. Mesmo defendendo a privatização, Machado admitiu que os processos não deveriam ser realizados com tal precipitação.
Já Aloísio destacou que a Cemig criou a Eletrificação de Minas Gerais (Ermig) para fazer eletrificação rural; criou o Instituto de Desenvolvimento Industrial de Minas Gerais (Indi) para atrair indústrias; e a Companhia de Distritos Industriais (CDI). E questiona: “Por que as empresas privadas, ou que foram privatizadas, não fazem eletrificação rural? Nenhuma faz, porque eletrificação rural se faz com projetos que não são lucrativos”.