A greve nos Correios continua. A audiência de conciliação no TST (Tribunal Superior do Trabalho) realizada na sexta-feira (11) com representantes dos trabalhadores e da empresa não gerou nenhum avanço. Apesar de apelos dos membros do Judiciário e do Ministério Público do Trabalho, a diretoria da estatal não se dispôs a negociar nenhuma das demandas dos trabalhadores.
Com isso, foi marcada a data para o julgamento no TST sobre a legalidade da greve: dia 21 deste mês. "A audiência chegou ao fim sem apresentar avanço algum, já que a direção militar dos Correios demonstrou seu total desprezo com a categoria, sem aceitar qualquer apelo ou proposta por parte do TST e MPT (Ministério Público do Trabalho)", explica Douglas Melo, diretor da Findect (Federação Interestadual dos Sindicatos dos Trabalhadores e Trabalhadoras dos Correios).
De acordo com o sindicalista, apesar de registrar aumento no lucro mesmo com todas as restrições impostas pela pandemia, "a Diretoria dos Correios dá as costas para a sua principal base de sustentação: os trabalhadores".
No dia 21 de julho deste ano, a direção da empresa publicou seu balanço financeiro e comemorou o resultado superavitário em nota transmitida á imprensa. "Os Correios apresentaram os demonstrativos contábeis do exercício de 2019. Em plena recuperação da empresa, a atual gestão segue deixando sua marca, com balanço financeiro registrando saldo lucrativo de R$ 102 milhões."
As boas notícias financeiras para a estatal não param por aí. Conforme explica o secretário geral da Fentect (Federação Nacionados Trabalhadores dos Correios), José Rivaldo da Silva, o faturamento da companhia aumentou 30% neste ano, durante a pandemia. "As entregas de produtos por correio e compras online tiveram aumento significativo neste ano por conta da quarentena sanitária. Só o que explica a intransigência da empresa é a vontade do governo de privatiza-la", resume o sindicalista.
Assim, diante do resultado da audiência, "a Federação e sindicatos filiados orientam pela manutenção e fortalecimento da greve. Entendemos que o caminho para conquistarmos a manutenção de nossos direitos é a luta" afirma Douglas Melo, que conclui: "A greve continua e precisa crescer com mais trabalhadores e setores parando e com todos participando dos atos, carreatas, distribuição de carta aberta e demais atividades convocadas pelo seu Sindicato".
José Rivaldo dá a mesma sinalização à categoria: "Os Correios não toparam nada! Como não toparam nada, estamos orientando os trabalhadores a continuar firme na greve. Vamos até o final".
Em greve há 25 dias, trabalhadores dos Correios informam que a empresa, em nenhum momento, se dispôs a uma negociação efetiva. Antes da audiência da sexta, já havia retirado 70 das 79 cláusulas do acordo coletivo. Também não fez qualquer proposta de reajuste salarial.
Fonte: Brasil de Fato