A destruição do Cepel, do grupo Eletrobras, após a privatização



A destruição do Cepel, do grupo Eletrobras, após a privatização

O principal centro de pesquisas do setor elétrico nacional passa por um processo de desmonte e sucateamento que muito em breve se tornará irreversível. O Centro de Pesquisas de Energia Elétrica (CEPEL) é uma instituição que reúne características únicas no país. Continua desempenhando papel central no desenvolvimento tecnológico do setor elétrico. A transição energética tem demandado grandes investimentos em P&D&I em todo o mundo, promovendo a sustentabilidade, o desenvolvimento sócio-econômico e a universalização do acesso a energia elétrica. Centros de pesquisa como o CEPEL desempenham um papel crucial nesse processo. No entanto, a privatização da Eletrobras colocou o Cepel em grande risco e a sua atual Diretoria tem atuado na aceleração do desmonte desse centro, cortando custos agressivamente ao invés de buscar soluções para a sua sobrevivência.

DIRETORIA DO CEPEL SE REÚNE COM WILSON PINTO E CUMPRE DETERMINAÇÃO DO PRESIDENTE DA ELETROBRAS PARA DEMITIR EMPREGADOS E FECHAR LABORATÓRIOS DE FORMA AÇODADA

Após se reunir com Wilson Pinto, a diretoria do Cepel demitiu diversos empregados e iniciou um programa de alienação de equipamentos, fechamento de laboratórios e de linhas de pesquisas essenciais para o setor elétrico nacional. Vale ressaltar que muitos empregados são concursados e que os equipamentos e a infraestrutura do Cepel foram adquiridos com recursos públicos (de quando a Eletrobras era estatal) e ainda, com isenção de impostos para exercer suas funções de P&D. Esses ativos não foram privatizados, ou seja, a União não foi ressarcida pelos 48 anos de investimentos no Cepel através da então estatal Eletrobras. Logo, os equipamentos e a infraestrutura do Cepel não podem ser alienados e desativados sem critério, como se fossem propriedade particular, e sem a devida prestação de contas ao país.

Já passa de 7 (sete) o número de laboratórios descontinuados pelo Cepel durante a derradeira gestão de todos os diretores do Cepel indicados durante as gestões de Wilson Pinto na Eletrobras.

Desde a chegada de Temer ao poder até os dias atuais, o Cepel tem sofrido perdas significativas e corre sérios riscos de deixar o setor elétrico descoberto, após perder infraestrutura laboratorial e de pessoal neste período de gestões sombrias, ainda que tenha apresentado resultados operacionais excepcionais, tanto em demandas nacionais quanto internacionais.
Com o fechamento de laboratórios e a alienação de equipamentos de alta tecnologia, o Cepel poderá deixar de ser um agente de pesquisa, desenvolvimento, serviços tecnológicos e diagnóstico de falha para muitos casos cruciais do setor elétrico. Muitos desses equipamentos laboratoriais possuem baixo ou nenhum custo de manutenção, além de serem equipamentos estratégicos no cenário nacional e internacional.

Seja na atuação de inspeção, prevenção e aumento da vida útil de termelétricas, aerogeradores e plantas de energia solar, o Cepel sempre foi essencial tanto no diagnóstico quanto na prevenção de falha de equipamentos utilizando sua infraestrutura laboratorial e seu pessoal técnico, mas ambos vêm sendo dilacerados pela gestão do Cepel nos últimos anos. “Apagões” como os de Macapá, Itaberá, Angra e Manaus sempre tiveram no Cepel o ponto de perícia e prevenção contra novos incidentes, mas áreas multidisciplinares como estas estão sendo fechadas. Também tem atuado na pesquisa de tecnologias de ponta para o setor elétrico brasileiro.

O Laboratório de Atmosferas Explosivas que atuava no setor elétrico e petrolífero; o Laboratório de Impulso de Corrente que atendia demandas ligadas aos equipamentos de proteção contra raios e descargas atmosféricas; o Laboratório de Propriedades Elétricas e Magnéticas, que analisava e testava todos os tipos de materiais aplicados no setor elétrico como em geradores, cabos e linhas de transmissão; o Laboratório de Diagnóstico que atuava na causa de falhados principais equipamentos do setor como transformadores, geradores e subestações de energia; o Laboratório de Supercondutividade que atuava no desenvolvimento de dispositivo essencial contra curto-circuito, um dos grandes problemas que causa enormes danos às redes elétricas e aos consumidores; o Laboratório de Medição Centralizada que possui inúmeras patentes de equipamentos que protegem o sistema contra o furto de energia, etc, etc, etc…

Estes são apenas alguns dos setores descontinuados pelo Cepel durante a desastrosa gestão desses quatro diretores indicados por Wilson Pinto. Sejam diretores de carreira, diretores que eram de carreira, mas assinaram PDV e retornaram na posição de diretor, diretores que vieram da EPE ou de Furnas; de dentro ou de fora do Cepel, o fato é que os quatro diretores cometem atrocidades. Protegem funcionário que cometeu assédio moral de seus subordinados, defendem a entrega da sede da Ilha do Fundão, agem para o fechamento de laboratórios, para o desmonte e a alienação de infraestrutura laboratorial, defendem a demissão de empregados efetivos, mas não esquecem de criar cargos comissionados para receber indicados de Furnas, principalmente para atuação em áreas administrativas.

A diretoria do Cepel comete irregularidades e caminha para improbidade administrativa de maneira acelerada e incoerente. Isso porque, ao mesmo tempo que promove o desmonte de setores essenciais, gasta dinheiro público no mega projeto da “Casa NZEB” (Near Zero Energy Buildings), situada na sede da Ilha do Fundão. Um projeto sério de eficiência, com atuação multidisciplinar, essencial para a transição energética e o consumo mais eficiente de energia, a Casa NZEB está sendo tratada pela diretoria do Cepel como o legado que deixará para a UFRJ ao entregar a sede do Fundão de forma abrupta. Os diretores não escondem esta possibilidade e ressaltaram esse plano em webinar para empregados.

PERGUNTAS QUE NÃO CALAM:

⦁ Quanto custa a Diretoria para o Cepel?
⦁ O Cepel precisa de tantos diretores?

Portanto, é preciso unir forças em torno de três pilares para evitar que o mal realizado pela má gestão desta diretoria seja irreparável. É urgente:

I) Estancar o desmonte da infraestrutura laboratorial;

II) Não entregar a sede da Ilha do Fundão;

III) Não demitir empregados efetivos, chaves para os laboratórios e projetos.

Não é aceitável que esta diretoria destrua o Cepel, sua infraestrutura laboratorial e que demita a empregada eleita para Presidência da Associação dos Empregados do Cepel, uma afronta ao corpo de empregados e a todas as suas representações.

A sede do Cepel situa-se estrategicamente na Ilha do Fundão para o que centro fique próximo a uma das maiores universidades do país. Trocar esta sede por um escritório escondido em algum prédio comercial e transferir o pouco que restar dos laboratórios para a distante unidade de Adrianópolis significará o fim deste centro de pesquisas.

Fonte: FNU/CUT

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