A CUT nasce da luta por democracia e liberdade sindical



A CUT nasce da luta por democracia e liberdade sindical

Em plena ditadura militar, repressão ferrenha, tortura e mortes de lideranças políticas, sociais e sindicais, os trabalhadores brasileiros foram, entre o final dos anos 70 e início dos 80, protagonistas da reação. Com disposição para a luta, venceram o medo e o silêncio. Cobraram a volta da democracia e realizaram greves históricas. Mais que isso: romperam com a estrutura sindical até então vigente, de assistencialismo e alinhamento aos interesses empresariais, com a fundação da Central Única dos Trabalhadores (CUT), em 28 de agosto de 1983.

Com um ano de idade, em 1984, o movimento sindical cutista já agia com coragem em defesa da democracia. A CUT participou e teve papel fundamental para a vitória do Movimento da Diretas-Já. Agora, a Central chega aos 32 anos mantendo-se como a maior a Central da América Latina e a quinta maior do mundo.

Segundo o Ministério do Trabalho, a entidade representa 31,73% do total de trabalhadores brasileiros. São mais de 9 milhões de trabalhadores associados a sindicatos cutistas, de várias categorias, entre elas, a dos eletricitários de Minas Gerais.

A Central Única dos Trabalhadores tem como compromisso essencial a defesa dos interesses imediatos e históricos da classe trabalhadora, nas cidades e no campo. Sempre defendeu a autonomia de organização sindical, com os próprios trabalhadores sustentando os seus sindicatos, sem interferência do Estado. Também é fundamento da CUT a consolidação de sindicatos cidadãos, que se solidarizam com os movimentos sociais.

Ao longo dos seus 32 anos, a CUT levou milhões de trabalhadores para as ruas e sustenta campanhas históricas, como as de redução da jornada de trabalho sem redução dos salários, o fim da terceirização, pela igualdade racial e de gênero, dentre outras lutas.

Para defender a classe trabalhadora, a Central também faz política, incentivando o debate e práticas por justiça social, pelo pleno emprego, salário digno e redistribuição de renda. Também articula apoio político contra a privatização e a terceirização, que precariza as relações e condições de trabalho, por uma reforma política que acabe com o financiamento empresarial das campanhas eleitorais e contra a redução da maioridade penal, dentre outras.

Fortalecer a democracia e ampliar os direitos dos trabalhadores

Hoje, o Congresso Nacional impõe uma pauta conservadora e neoliberal, de retirada de direitos sociais e dos trabalhadores. Diante dessa conjuntura, o diretor da CUT Nacional, Quintino Severo, avalia que o principal desafio da entidade é se mobilizar pela ampliação e o fortalecimento da democracia. Em outubro será realizado o 12º Congresso Nacional da CUT e a pauta dos debates será democracia, educação e trabalho.

“Estão impondo o retrocesso aos trabalhadores, com perdas de direitos trabalhistas e sociais, como o projeto da terceirização. Certamente, combater a terceirização é nossa pauta permanente e prioritária, mas o ataque à democracia tem nos exigido uma luta incessante. Quem mais perde com esse ataque é o trabalhador”, destaca. Quintino lembra o papel da CUT na mobilização pela redemocratização do país, após 21 anos de ditadura. “Na época, não fugimos à luta e nunca vamos fugir. Continuamos convocando e colocando milhares de trabalhadores nas ruas”, afirma.

Para Quintino, a pauta do presidente do Senado, Renan Calheiros, chamada de Agenda Brasil, representa um oportunismo dos empresários para retirar direitos, com a desculpa de que é necessário enfrentar a crise econômica e a crise política. “Temos que ficar atentos, os grandes meios de comunicação estão vendendo o discurso de que é preciso enfrentar a crise e a Agenda Brasil é uma boa alternativa. Para nós, não é, porque chega com propostas de retrocesso, como a de privatização do SUS. Vamos sempre defender a nossa pauta, de uma política econômica que garanta empregos, melhor renda, mais direitos”, concluiu.

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