A queda da atividade econômica e o aumento da inflação e das taxas de desemprego afetaram as campanhas salariais de 2015, que tiveram desempenho bem inferior ao de anos anterior, embora em sua maioria tenham superado a inflação. Mas superaram por pouco: de 708 negociações analisadas pelo Dieese, que divulgou os dados no último dia 6, só 52% resultaram em acordos com reajuste salarial acima da inflação medida pelo INPC-IBGE (29,9% equivaleram à inflação e 18,1% ficaram abaixo). Esse patamar se situava na casa dos 80% desde 2006, chegando a superar os 90% em 2012 (93,6%, o melhor índice da série) e 2014 (90,2%). Foi o pior resultado desde 2004.
Além de menos acordos superiores à inflação, o ganho real diminuiu. Na média, os aumentos foram de 0,23 ponto percentual acima do INPC, ante 1,34 no ano anterior. Também cresceu o número de reajustes salariais escalonados (com índice até determinada faixa salarial e valores fixos acima desse valor), que chegaram a quase um quarto do total (24,6%). O Dieese apurou ainda maior quantidade de acordos com reajuste parcelado: 12,7%, quase o dobro de 2014 (6,5%) e três vezes mais do que em 2008 (3,9%).
Foi uma "mudança considerável de patamar", segundo disse o coordenador de Relações Sindicais do Dieese, José Silvestre, lembrando que as campanhas salariais enfrentaram uma conjuntura "extremamente adversa" no ano passado. "A inflação é uma variável que explica em larga medida essa dificuldade", observa.
Isso aconteceu, principalmente, com as categorias profissionais que têm data-base no segundo semestre, já que a inflação foi crescendo ao longo do ano. Uma categoria que negociou em janeiro de 2015, por exemplo, tinha um INPC acumulado de 6,23%. Em setembro e outubro, quando a negociação inclui bancários, metalúrgicos, petroleiros, químicos e eletricitários de Minas, entre outros, a inflação já chegava a 9,9%, evoluindo para 11% no final do ano.
Em 2016, deve haver um movimento contrário, avalia Silvestre, à medida que a inflação perca força. Estima-se que o INPC, ainda na casa dos 11%, feche o ano entre 6% e 7%.
Fonte: Rede Brasil Atual