1º de abril de 1964. Tropas militares tomam as ruas do Brasil anunciando a “revolução”. Estudantes e trabalhadores organizados protestam enquanto grande parte da população assiste atônita a derrubada de um presidente eleito pelo povo. Começava ali um período obscuro para o povo brasileiro, sobretudo para aqueles que lutavam por uma real liberdade e independência do país.
Diante dos protestos, que só aumentavam, em função do agravamento das contradições sociais e da falta de liberdade em todos os níveis, o governo ditatorial lança em 1968 o Ato Institucional nº5 (AI5), que limitou ainda mais as liberdades individuais e coletivas, aumentou a repressão e os processos de intervenção em sindicatos (inclusive no Sindieletro) e entidades estudantis. As entidades tiveram suas diretorias destituídas. Milhares de dirigentes sindicais, estudantes e trabalhadores foram mortos, barbaramente torturados e muitos ainda permanecem “desaparecidos”.
A dívida externa passou de U$ 3 bilhões em 1964 para quase U$ 100 bilhões no último governo militar. Os salários dos trabalhadores foram arrochados com o mecanismo de reajuste pela meta de inflação do ano seguinte. Ou seja, o governo militar não reajustava os salários de acordo com a inflação real.
A concentração de terra e renda subiu astronomicamente, o que é justificável, pois o golpe militar foi altamente patrocinado e apoiado pelos latifundiários e industriais brasileiros, que cobrariam a fatura depois em forma de privilégios. As empresas estrangeiras se deslocaram para o Brasil como uma migração de gafanhotos, pois as facilidades de empréstimos, isenção de impostos e outras benesses do governo eram coisas de pai para filho. Não podemos nos esquecer do “dedinho” dos Estados Unidos nisso tudo, que patrocinou a ditadura no Brasil e em outros países da América Latina, continente que os norte-americanos ainda consideram seu quintal.
Foram as lutas dos movimentos dos trabalhadores e estudantes que impulsionaram o fim da ditadura militar. De 1985 a 1989 vivemos um período de transição, com muitas lutas políticas, mudanças consideráveis nas políticas públicas que nos beneficiam até hoje (como a criação e universalização do SUS) e vários direitos sociais reconquistados na Constituição de 1988, frutos da abnegação e coragem de quem não entregou a dignidade numa bandeja e ficou parado vendo a banda passar.
Porém, saímos da ditadura militar para a ditadura do mercado. Os vilões manipulavam militares agora patrocinam campanhas eleitorais vultosas para que seus representantes continuem a ludibriar o povo com promessas nunca cumpridas. As empresas públicas, estruturadas com grande sacrifício do povo brasileiro, que até hoje paga a dívida feita pelos militares, foram entregues de mãos beijadas para grupos nacionais e estrangeiros, sobretudo na década de 1990. Morar virou privilégio, transporte coletivo virou aventura, saúde, educação, segurança, água, energia e tudo o que temos como serviços essenciais tornaram-se mercadoria.
Apoio da Mídia
O apoio da grande mídia garantiu a manipulação para o Golpe. O discurso midiático do consenso, na época, foi de que o Brasil era ameaçado pelo comunismo. Os meios de comunicação de massa doutrinavam com manchetes diárias atacando o governo de João Goulart. Quando veio o golpe, a mídia ficou exultante, sobretudo a do grupo Globo. Foram estampadas manchetes como, “Ressurge a democracia”, “Fugiu Goulart e a democracia está sendo restabelecida”.
Intervenção no Sindieletro
A ditadura foi também atingiu duramente o Sindieletro. Em 1964, o então presidente do Sindicato, Delmir Vilela, foi obrigado a se esconder para não ser preso, após toda a diretoria sindical ser destituída e em seu lugar assumir uma Junta Governativa Provisória. Somente em 1966 é que o Sindieletro voltou para os trabalhadores, mesmo assim com uma diretoria vigiada pelos militares.
No lamentável 50 anos do Golpe, o Sindieletro homenageia os verdadeiros heróis brasileiros, que abertamente ou no anonimato lutaram pela redemocratização do país, pela libertação do povo brasileiro e latino-americano. Esses heróis continuam vivos na consciência daqueles que hoje lutam por um mundo melhor! Enquanto houver coragem e vontade de mudança, haverá esperança.
Ato de repúdio em BH e mudança de nome de Elevado Castelo Branco
Nesta terça-feira, 1º de abril, a Frente Independente pela Memória, Verdade e Justiça – MG realizará, a partir das 17 horas, um ato em repúdio ao Golpe de 1964 – 50 anos! Tributo aos mortos, desaparecidos políticos, perseguidos, presos e torturados pela ditadura militar, no elevado Castelo Branco, que liga o Centro ao bairro Carlos Prates. Os manifestantes vão fazer a troca do nome do elevado para o nome de dona Helena Greco, em um ato em homenagem à grande defensora dos direitos humanos e perseguida pela Ditadura Militar. No local será afixada uma placa com o nome de dona Helena. O projeto de lei que oficializa a substituição da nomenclatura do elevado foi aprovado pela Câmara de BH.